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TV ABERTA
"Minha Querida Dama" é versão sutil para Broadway
Missão Impossível
Globo, 13h.
(Mission: Impossible). EUA, 96, 110 min.
Direção: Brian De Palma. Com Tom
Cruise, Jon Voight. Adaptação da clássica
série de TV dos anos 60. Cruise é o agente
que tenta descobrir o que afinal saiu
errado (e por que) numa missão. De
Palma nos conduz por um labirinto, ou
melhor: parte de um princípio
comercialíssimo e joga o espectador de
hoje, este ser mimadíssimo, no meio do
fogo. De encomenda, mas mais que ok.
Shadrach
Record, 18h45.
EUA, 98, 85 min. Direção: Susanna
Styron. Com Harvey Keitel, Andie
MacDowell. Estréia de Styron na direção,
com uma história ambientada na era da
Depressão, ou seja: há empobrecimento,
crise, ilegalidade e, inclusive, um Harvey
Keitel que se dedica ao tráfico ilegal de
bebida. Estamos na Virginia, Sul dos EUA
e, no meio disso tudo, aparece a figura
central de Shadrach, ex-escravo, de 99
anos, disposto a morrer ali mesmo onde
nasceu, e topando com variadas
manifestações de racismo. Vale tentar.
O Profissional
Bandeirantes, 20h30.
(The Professional). EUA/ França, 94, 109
min. Direção: Luc Besson. Com Jean
Reno, Gary Oldman. Garota escapa de
um massacre promovido por policiais
corruptos (Oldman à frente) e se torna
protegida de Jean Reno, um imigrante
que trabalha para a Máfia. Policial
francês com sotaque americano ou vice-versa? Besson é um homem do mundo.
Mas de um mundo meio vazio e cheio de
penduricalhos.
A Corrente do Bem
SBT, 22h.
(Pay It Forward). EUA, 2000, 123 min.
Direção: Mimi Leder. Com Kevin Spacey,
Helen Hunt. Professor propõe a seus
alunos, como todos os anos, o desafio de
criar algo novo capaz de melhorar o
mundo. Um aluno topa a parada e cria
uma espécie de corrente em que os
participantes, em vez de aspirarem a
fortunas, querem apenas fazer o bem a
outras pessoas. Inédito.
Minha Querida Dama
Bandeirantes, 0h.
(My Fair Lady). EUA, 64, 170 min. Direção:
George Cukor. Com Audrey Hepburn,
Rex Harrison. Harrison é o professor
decidido a transformar a florista
Hepburn em uma dama. Nos cinemas,
numa época em que o Brasil tinha
alguma auto-estima, o filme chamou-se
"Minha Bela Dama". Em todo caso, o
importante é que Cukor realiza uma
versão sutil, elegante e eficiente da
célebre peça da Broadway. Grande
musical.
(IA)
TV PAGA
Moralismo e mau gosto duelam em "Moulin Rouge"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Moulin Rouge - O Amor em
Vermelho" é um desses filmes
do tipo "ame-o ou deixe-o". É pegar ou largar. E, pessoalmente, tudo me diz para largar, a começar
pela versão atrapalhada de "Romeu e Julieta" que o mesmo diretor, Baz Luhrmann, realizara anos
antes.
"Moulin Rouge" é um musical
em que a atualização temporal é
bem estranha. Estamos na "belle
époque", e isso é o que nos dizem
os trajes dos personagens, e certos
personagens (Toulouse Lautrec, o
pintor, para começar). Mas estamos na virada do século seguinte,
a julgar pela música e pela decoração.
Pela intriga, estamos no cinema
americano dos anos 30, pois ali
um jovem e pobre poeta vai ao célebre cabaré e se apaixona por
uma dançarina, o que deixa furioso o protetor da garota.
Não há porque se espantar com
a mistura -o cinema é pródigo
em misturanças do estilo. Mas
duas coisas chamam a atenção: o
incrível mau gosto da direção de
arte e o moralismo que reveste toda a intriga. O mau gosto é imperdoável no gênero -o musical-,
especialmente quando se investe
na extravagância.
O moralismo da intriga poderia
ser creditado ao ar do tempo. Vivemos, no cinema americano,
mas não só nele, numa espécie de
esquizofrenia comportamental,
em que ninguém sabe se procura
uma vida desenfreada e cheia de
parceiros sexuais ou se busca o
par ideal para união monogâmica
e eterna.
O filme oscila entre permissividade e romantismo, mas seu destino final é ser um "anti-Cabaré":
em vez de libertário, acanhado;
em vez de mexer nas questões do
seu tempo, contorna-as. Há os
que devem apreciá-lo, aliás, justamente por isso.
MOULIN ROUGE - O AMOR EM
VERMELHO. Quando: hoje, às 22h, no
Fox.
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