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TELEVISÃO
Sem emprego fixo, comediante negocia com editora para contar "histórias sérias" e "fazer revelações" sobre o grupo
"Triste", Dedé escreve livro sobre Trapalhões
CLÁUDIA CROITOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DO RIO
Manfried Santana faz questão
de frisar: "Não estou magoado
com Renato Aragão. Estou apenas triste". Dedé Santana está triste com Didi Mocó.
Sem emprego fixo -tem dado
palestras de "conscientização de
funcionários" em empresas- e
há anos sem programa, o "escada" mais famoso do Brasil se
mantém na TV com uma peregrinação por atrações, de João Kléber (Rede TV!) a João Gordo
(MTV), para dar entrevistas sobre
o final dos Trapalhões (foi há
mais de dez anos) e falar da frustração por não estar ao lado do ex-companheiro Didi na TV Globo.
O bom ibope e a repercussão
das entrevistas fizeram Dedé, 67,
tirar um antigo projeto da gaveta:
escrever um livro sobre a história
dos Trapalhões. Em "Dedé Santana e Seus Amigos Trapalhões"
-que deve ser lançado no segundo semestre e está em negociação
com uma editora-, ele promete
contar "histórias sérias" e fazer
"revelações" sobre o quarteto.
Leia a seguir a entrevista.
Folha - Por que escrever um livro
sobre os Trapalhões agora?
Dedé Santana - Tenho essa idéia
há muito tempo, pedi para o Mussum e o Zacarias escreverem uma
declaração sobre o Dedé, mas eles
nunca fizeram. Com a morte deles, deixei a idéia de lado.
Folha - Você conversou com o Renato Aragão sobre o livro?
Dedé - Eu falei, mas não senti
muita boa vontade da parte dele,
não... Ao saber do livro, ele me ligou, dizendo: "Toma cuidado
com o que você vai escrever".
Folha - Você acha que ele pode ter
receio de alguma revelação que o
livro venha a trazer?
Dedé - Ninguém deve ter medo
da verdade. Vai ter bastante coisa
que vai surpreender o público.
Folha - Ultimamente você foi a
vários programas dar entrevistas...
Dedé - Fui no João Kleber sem
saber que era para responder a essas perguntas. Resultou em uma
audiência tão grande que fui chamado a vários outros. Mas eu aviso que, se for para falar sobre o Didi, eu não vou. Eu não vou para
falar mal de ninguém.
Folha - Sempre perguntam por
que ele está na Globo e você não...
Dedé - Nem sei como responder
isso. Eu viajo muito e onde vou o
pessoal chega a estar com raiva do
Renato. Eu explico que ele não é
culpado, que ele não manda na
Globo. O pessoal diz: "Ele não
manda na Globo, mas, se quisesse, o colocaria no programa".
Folha - Como é a relação com ele?
Dedé - Gostaria de estar mais
com o Renato, mesmo que não
seja para trabalhar junto. Tenho
uma filha criança que é fã dele.
Nós nos falamos às vezes.
Folha - Nunca perguntou ao Renato por que ele não o chamou?
Dedé - Ele sempre me disse que a
Globo não queria relembrar os
Trapalhões. Mas "A Turma do Didi" é bem parecida, o que eu acho
um erro.
Folha - Hoje você vive do quê?
Dedé - Faço shows, acompanho
meu filho em shows evangélicos.
Estou fazendo uma palestra de
motivação profissional.
Folha - Por que o Renato ficou
mais rico que todos vocês?
Dedé - Talvez porque ele soubesse negociar melhor, os cachês
eram negociados em separado. A
única vez que nossos empresários
reclamaram por causa disso foi
quando houve a separação. A diferença de salário era tremenda...
Folha - De quanto era?
Dedé - Vou usar um número fictício: se, por exemplo, a gente ganhasse 8, o Didi ganhava 110. Era
uma coisa enorme, quem descobriu foi o Mussum.
Folha - Tem planos de voltar à TV?
Dedé - Estou com dois convites,
um da Record, outro da Rede TV!.
Também tenho um projeto com o
Sérgio Mallandro e o Tiririca.
Mas, se o Didi me chamar para
voltar a trabalhar com ele, eu vou.
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