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FILMES DE HOJE
TV ABERTA
Trapaça guia "A Montanha dos Sete Abutres"
Absolutamente Certo
Cultura, 15h30.
Brasil, 57, 95 min. Direção: Anselmo
Duarte. Com Anselmo Duarte, Dercy
Gonçalves. Comédia (não chanchada)
em torno dos programas de perguntas e
respostas, sucesso na TV dos anos 50.
Estréia de Anselmo na direção. Estréia
brilhante, por sinal, em que ele também
atua, fazendo o rapaz humilde que
decorou toda a lista telefônica. P&B.
Os Muppets Conquistam Nova York
Record, 18h.
(The Muppets Take Manhattan). EUA, 84,
91 min. Direção: Frank Oz. Com Art
Carney, Dabney Coleman. Apesar dos
atores, as estrelas do filme são mesmo os
bonecos do Muppet Show, aqui
dispostos a fazer sucesso na Broadway.
Guantanamera
Bandeirantes, 20h30.
(Guantanamera). Cuba/Espanha, 95, 97
min. Direção: Tomás Gutiérrez Alea, Juan
Carlos Tabío. Com Carlos Cruz, Mirtha
Ibarra. O problema: enterrar um morto. A
necessidade: levar o corpo de um lado a
outro de Cubo. O obstáculo: os entraves
burocráticos. Em seu último filme, Alea
volta a atacar a burocracia cubana, sua
velha inimiga. Comédia ferina em que
Alea, com câncer, dividiu a direção com
seu ex-assistente Tabío.
Duro de Matar 2
Globo, 23h.
(Die Hard 2: Die Harder). EUA, 90, 124
min. Direção: Renny Harlin. Com Bruce
Willis, Bonnie Bedelia. Quase um replay
do primeiro filme, só que agora a ação se
passa num aeroporto. Fórmula. Dito isso,
é um passatempo bem feito.
A Outra História Americana
SBT, 23h.
(American History X). EUA, 98, 119 min.
Direção: Tony Kaye. Com Edward Norton,
Edward Furlong. Danny (Furlong) é o
garoto que venera o irmão mais velho,
Derek (Norton), líder preso de um grupo
neonazista em Venice Beach, Califórnia.
Quando ganha a liberdade, ele muda de
ideologia e resolve abandonar o grupo.
As coisas não serão fáceis a partir daí.
A Montanha dos Sete Abutres
Bandeirantes, 0h30.
(Big Carnival). EUA, 51, 112 min. Direção:
Billy Wilder. Com Kirk Douglas, Jan
Sterling. Repórter reduzido a trabalho
num jornal do Novo México (ou seja,
bem periférico) tem nas mãos o caso de
um trabalhador preso no desabamento
de uma mina. Para que o caso renda o
bastante para ele voltar a um grande
jornal, ele levará às últimas
consequências a arte da trapaça. Um
bom Billy Wilder (não um dos maiores).
Ainda assim, destaca-se.
Os Impostores
Globo, 1h10.
(The Impostors). EUA, 98, 101 min.
Direção: Stanley Tucci. Com Stanley
Tucci, Oliver Platt. Tucci e Platt são dois
atores a perigo que embarcam
clandestinamente em um navio. Inédito.
O Senhor da Guerra
Globo, 2h55.
(The War Lord). EUA, 65, 122 min.
Direção: Franklin J. Schaffner. Com
Charlton Heston, Rosemary Forsyth,
Richard Boone. Schaffner trata aqui de
Chrysagon, senhor da guerra que, após
conquistar para si um principado,
apaixona-se por uma jovem, noiva de
um vassalo.
(IA)
TV PAGA
"Nove Rainhas" revela a desgraça argentina
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
É difícil lembrar qual o último argentino que os brasileiros amaram antes de Ricardo Darín. Foi Carlos Gardel (1890-1935), provavelmente.
Porque mesmo Maradona o
Brasil apenas tolera (e viu com
certo prazer o fim prematuro de
sua carreira). De Manu Ginobili
só gostam os fãs de basquete, que
não são tantos assim. De Jorge
Luis Borges (1899-1986), quem lê
-e talvez sejam em número ainda menor.
Pois com Darín deu-se o milagre. Todo mundo vai ver "Kamchatka", atualmente nos cinemas,
e gosta, entre outras coisas, porque ele está lá. O mesmo aconteceu com "O Filho da Noiva". No
limite, esse carisma é muito maior
que o de Tom Cruise, digamos,
que é alimentado por uma poderosa máquina publicitária.
O que aconteceu com "Nove
Rainhas"? Entrou nos cinemas
com a cara e a coragem. Emplacou. E era impossível não gostar
de Darín, na pele do vigarista portenho que vive de golpe em golpe,
passando a perna no próximo.
Na verdade, faça o papel que fizer, Ricardo Darín terá sempre
um pouco dessa expressão do vigarista de Buenos Aires. É um tipo
próximo do malandro carioca, de
certa forma, com a diferença que
o malandro tem cabeça fresca, enquanto o portenho sempre leva
consigo a marca da tragédia.
"Nove Rainhas", para quem
não conhece, é uma comédia em
torno de um lote de selos. Ao longo da rocambolesca história, há
tantos enganos quanto desenganos. Quando Darín e seu aprendiz
cruzam com algum velho vigarista, o que vemos é um senhor falido, derrotado. Não é preciso haver final infeliz em filme argentino para que a desgraça dê as caras. Ela está sempre à espreita.
"Nove Rainhas" faz rir. Mas por
vezes o riso se tolda. E a expressão
desse ator suscita as duas coisas: o
riso e a gravidade. De certo modo
aprendemos, com ele, a esquecer
nossa rivalidade com os argentinos e a partilhar seus sentimentos
e maneira de ser. Para isso, afinal,
também serve o cinema.
NOVE RAINHAS. Quando: hoje, às
17h45, Cinemax.
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