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"Me odeiam", diz vilão de "Mulheres Apaixonadas"
MARCELLA FRANCO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DO RIO
Se há pouco mais de um mês o
ator Dan Stulbach podia circular
livremente pelas ruas do Rio de
Janeiro no bairro do Leblon, que
naturalmente pipoca de celebridades, de uns tempos para cá a situação tem sido um pouco diferente. Recomendações e broncas
do tipo "ô, pára de bater na menina" são o resultado mais comum
da repercussão de seu personagem Marcos, da novela "Mulheres
Apaixonadas".
Não é à toa. Violento, Marcos,
só nas últimas semanas, já levantou a mão (e até uma raquete de
tênis) duas vezes para agredir a
mulher Raquel, interpretada pela
atriz Helena Ranaldi. Virou até
piada nos quadros do humorístico "Casseta & Planeta Urgente".
"Algumas pessoas têm até medo,
dizem que adoram meu trabalho,
mas me odeiam", diverte-se Stulbach, paulista de 33 anos. "Vejo
que tem gente que desconfia, mas
no fundo a maioria consegue ver
que aquele cara não sou eu."
E não é mesmo. Com jeito de
moleque, apesar dos já aparentes
fios de cabelo brancos, o ator é só
sorrisos ao contar sua trajetória,
iniciada no teatro amador e que já
passou também pelas peças profissionais e pelo cinema, além, é
claro, da televisão. "Detesto aquela pergunta fatal sobre onde mais
gosto de trabalhar. Para mim, o
importante é o personagem, me
interessa saber se ele realmente
tem alguma coisa a dizer." No caso de Marcos, o ator diz ter sido
atraído pela possibilidade de escancarar no horário nobre a questão da violência doméstica.
O convite partiu do autor da novela, Manoel Carlos, e do diretor,
Ricardo Waddington, depois de
uma sessão da premiada peça
"Novas Diretrizes em Tempos de
Paz", que voltou ao cartaz em SP
na sexta passada, em que Stulbach
contracena com Tony Ramos.
"Também na peça senti que o recado daquele personagem era importante: questionar qual o papel
da arte na sociedade."
No palco, conta-se o encontro
entre um funcionário do serviço
de imigração e um polonês em
busca do visto de permanência no
Brasil após o final da Segunda
Guerra. Filho de imigrantes poloneses, o ator ficou surpreso ao saber da coincidência com o personagem. "Até perguntei para o
Bosco [Brasil, autor] se ele não
queria mudar. Achei que não conseguiria fazer aquele sotaque,
porque nunca soube imitar meu
pai falando", brinca ele, que abocanhou dois prêmios por sua performance: um APCA e um Shell.
O curioso é que os dois personagens que atualmente tomam vida
por meio de Stulbach são claros
opostos. "Um é a vítima, o outro,
o agressor", avalia o ator. E logo
pára a análise dizendo que não
pode ir além ao falar sobre Marcos, já que está "proibido pela
emissora". "De qualquer maneira
eu não poderia julgá-lo como vilão ou herói, ou contamino minha
interpretação", desconversa.
Stulbach também não se sente
muito à vontade para falar de sua
vida pessoal. Revela poucos detalhes, como sua habilidade com as
panelas e o gosto pela decoração.
Casado ou solteiro? "Mezzo."
Ah, e se quiser ganhar a antipatia de Stulbach, basta comentar
sobre a semelhança física entre ele
e o também ator Tom Hanks.
"Odeio essa pergunta, sobre se me
acho parecido com ele. Dou sempre a mesma resposta: "Somos
iguais na conta bancária"."
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