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LITERATURA
Morre, aos 93, o poeta Czeslaw Milosz
DA REDAÇÃO
Morreu ontem na cidade de
Cracóvia, Polônia, o poeta, ensaísta e escritor Czeslaw Milosz,
premiado com o Nobel de literatura em 1980 e considerado um
dos símbolos de oposição ao totalitarismo durante a época da Cortina de Ferro. Ele tinha 93 anos.
Milosz foi um dos maiores responsáveis por dar visibilidade à
poesia polonesa dentro da literatura mundial e chegou a ser descrito por Joseph Brodsky, outro
poeta vencedor do Nobel, como
"um dos maiores poetas de nosso
tempo, talvez o maior deles".
O trabalho de Milosz, fundado
em uma poesia complexa, intelectual e que perpassava a discussão
da moral, refletia a turbulência e o
caos do século 20, muito do qual o
polonês passou no exílio.
Lech Walesa, ex-presidente da
Polônia e fundador do sindicato
Solidariedade, afirmou que "[Milosz] foi membro de uma geração
que era incapaz de defender a liberdade e a dignidade, mas ele
permaneceu lutando, propondo,
encorajando e nós finalmente
atingimos esses objetivos".
Universalismo
Nascido em Szetejnie (hoje Vilna, capital da Lituânia), de uma
família polonesa, Milosz traçou
seu imaginário a partir da vivência de sua infância no interior lituano. Mas para a escritora polonesa Eva Hoffman, "ele nunca foi
um artista provinciano. Seus escritos talvez se baseiem em seu
passado polonês e lituano. No entanto, o material produzido em
sua vida atravessa um pensamento que vai a fundo na experiência
individual, que acaba por se tornar universal".
Inicialmente o poeta apoiou o
regime comunista na Polônia, imposto pela União Soviética. Após
trabalhar no corpo diplomático
do governo polonês entre 1945 e
1950, o poeta se desiludiu com o
modelo vigente e se exilou na
França a partir de 1951. Milosz explicaria mais tarde que sua decisão havia se baseado no dano causado aos valores espirituais e intelectuais pelo dogma comunista.
"Eu rejeitei a "nova fé" porque a
mentira é um de seus principais
mandamentos, e o realismo socialista é nada mais do que um
nome diferente para uma mentira", afirmou em discurso, comentando o gênero que foi seguido
por muitos intelectuais de sua
época.
Em 1953, escreveu "Captive
Mind", uma análise das táticas
stalinistas e um forte ataque aos
escritores poloneses que colaboravam com o governo comunista
polonês, trabalho que reverberou
por todo o bloco soviético e pela
comunidade literária ocidental.
Crise espiritual
Boa parte da obra de Czeslaw
Milosz falava sobre a crise espiritual do mundo contemporâneo e
confrontava as tradições nacionais polonesas. "Ninguém foi tão
profundamente dentro de nossa
cultura literária nem conseguiu
de tal maneira descrever o que
nós nos deparamos no passado",
disse Stanislaw Lem, escritor polonês de ficção científica, autor de
"Solaris".
Quando recebeu seu Prêmio
Nobel de Literatura, em 1980, Milosz afirmou que "apesar do horror e dos perigos, nossos tempos
serão lembrados como uma inevitável fase de dores de parto antes da humanidade atravessar um
novo portal da consciência".
Em uma pesquisa feita em 2002
na Polônia, Milosz estava entre as
personalidades mais admiradas
do país, ao lado de Lech Walesa e
do papa João Paulo 2º.
Com agências internacionais
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