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TELEVISÃO
Embalada pelo sucesso comercial e de audiência de "Os Normais", emissora investe em formato original americano
Globo testa no ar nova safra de sitcoms
DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA
Nunca se pensou tanto em sitcom na Globo como agora. Estimulada pelo sucesso de "Os Normais", a emissora irá testar, no ar,
na programação de final de ano,
três programas com algum grau
de parentesco com as comédias
de situação americanas.
Um quarto projeto de sitcom
deverá ter um piloto (programa-teste) gravado no início de 2004.
Dos quatro, pelo menos um deve
emplacar na programação regular da Globo no ano que vem, nas
noites de sextas-feiras. Um segundo pode vir a entrar no ar aos domingos, após o "Fantástico".
Além da Globo, Record e Rede
TV! devem investir em sitcoms no
próximo ano. A Record deverá ter
uma protagonizada pelo cantor
Netinho de Paula.
Sitcoms não são exatamente novidade no Brasil. Programas com
semelhanças ao formato existem
desde os anos 60. A novidade é
que agora estão em alta.
"Na história da TV, sempre
houve períodos em que se apostou mais ou menos em séries. Já
houve muitos seriados de humor,
como "A Grande Família". Mas só
"Os Normais" foi mesmo a primeira sitcom brasileira com olhar para o modelo internacional", diz
José Alvarenga Jr., diretor de "Os
Normais" e de dois dos quatro
novos projetos da Globo.
"O que difere as sitcoms é o ritmo. "A Grande Família" poderia
ser o núcleo cômico de uma novela. Sitcoms, não. Elas têm um momento cômico a cada minuto,
piadas rápidas, enxutas. Séries de
humor têm uma carga emocional
maior. Nas sitcoms, se faz rir de
ponta a ponta. Nas séries de humor, o riso é mais espaçado", ensina Alvarenga Jr..
Além disso, sitcoms são geralmente programas com 30 minutos, de elenco pequeno, amparados num bom texto, com histórias que começam e terminam no
mesmo episódio.
"Sitcom é um formato muito
barato. Dá para fazer por R$ 35
mil a R$ 45 mil por episódio, enquanto uma novela da Globo custa pelo menos R$ 100 mil por capítulo", afirma Netinho de Paula.
Alvarenga Jr. credita ao sucesso
de "Os Normais" o fato de a Globo acenar com investimentos em
sitcoms em 2004. Diz que o programa, que ficou no ar entre 2001
e outubro passado, provou que é
possível fazer séries à americana
com qualidade. Os anunciantes
querem mais, afirma.
Dos três programas que a Globo
irá testar no final do ano, "Carol
& Bernardo" é o mais fiel ao formato de sitcom. Carol (Andréa
Beltrão) e Bernardo (ainda não
definido) formam um casal indestrutível. Ela é advogada, pragmática. Ele, um músico sonhador,
desempregado. Tudo acontece,
mas nada abala a união. Lembra
"Mad about You" (Sony).
Já "A Diarista", segundo o diretor Alvarenga Jr., diferentemente
das sitcoms tradicionais, não terá
cenário fixo, mas locações. Escrita
pela novelista Glória Perez, será
protagonizada por Cláudia Rodrigues, que viverá uma faxineira
e muambeira que circula por casas de família, hotéis e hospitais.
O terceiro projeto a ser testado
no fim de ano será "Sob Nova Direção". Nele, Heloísa Perissé e Ingrid Guimarães interpretam duas
amigas que compram um bar. O
plano é transformar o bar em um
lugar da moda, mas nada do que
elas fazem dá certo. O bar acaba
virando espaço para festas de debutantes, shows e stripteases.
"Esculhambação", que só terá
piloto em 2004, encerra o pacote.
Também será dirigido por Alvarenga Jr. e escrito pelos roteiristas
de "Os Normais", Alexandre Machado e Fernanda Young.
O programa irá explorar a prática do brasileiro de falar mal dos
outros. "Os personagens são funcionários públicos encostados em
uma repartição que guarda arquivos do Dops [Departamento de
Ordem Pública e Social, espécie
de polícia política do regime militar]. A cada programa, sorteia-se
a ficha de um cidadão, que é chamado à repartição. Lá, acabam
com a vida dessa pessoa", resume
Alvarenga Jr..
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