São Paulo, domingo, 17 de abril de 2011

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"Cordel" leva experimentação às 18h

Nova novela da Globo surpreende no horário ao mesclar realismo fantástico, cordel, cinema e fábula moderna

Diretor diz que quer conquistar público antigo da faixa e quem se afastou da TV, mas ibope por ora é modesto

KEILA JIMENEZ
COLUNISTA DA FOLHA

Pegue uma fábula com elementos da cultura nordestina, de clássicos como "Robin Hood", recheada por uma realeza fictícia com pinta de "O Senhor dos Anéis". Vista todo esse povo com peças do rei do cangaço, do rei russo Romanov e de princesa Leia de "Guerra nas Estrelas".
Dê a eles um poderoso sotaque, castelos franceses e enquadramento de cinema. Para completar, convença Luís Fernando Guimarães a voltar a fazer novelas e José Celso Martinez de que a TV não é tão ruim assim.
Eis o sopão de "Cordel Encantado", nova novela das 18h da Globo, que de tanta experimentação está mais para um novo "cassoulet".
A ligação entre corte europeia e literatura de cordel sempre pareceu forte para as autoras da novela, Duca Rachid e Thelma Guedes, que propuseram a soma, sem sucesso, anos atrás à Globo.
Sorte de Ricardo Waddington, diretor que há tempos procurava um folhetim com puro realismo fantástico.
""Cordel" é contemporânea, mas também é uma referência a novelas como "Roque Santeiro", com um universo ficcional e elementos regionais fantásticos, distante desse naturalismo que tomou conta das tramas", diz Waddington. "Eu sentia falta dessa subversão. A Globo fez isso tão bem no passado."
E "Cordel" ganhou passe livre da Globo para inovar.
Os castelos de Seráfia, reino fictício da novela, tiveram a França como cenário, investimento raro para uma trama das 18h, faixa pouco comum para esse tipo de experimentação. Bordadeiras foram contratadas para confeccionar as vestes da monarquia, figurino que de tão belo vai render livro.
A novela está sendo gravada em 24 quadros, com lentes que deixam a imagem com cara de cinema.
"Essa fábula pedia um tratamento de imagem diferente, senão ia parecer programa de humor, sátira", diz Waddington, que divide os louros com a equipe e dois diretores, Amora Mautner e Gustavo Fernandez.
Surpresa boa entre os críticos, "Cordel" ainda não encantou a audiência, que segue na faixa dos 24 pontos (cada ponto equivale a 58 mil domicílios na Grande SP).
No entanto, é alvo de elogios no Twitter e tem chamado a atenção dos que andavam afastados das novelas. "Claro que temos de dar audiência", diz Waddington.
"Mas acho que essa inovação não assusta o público normal do horário [adolescentes e donas de casa]. Agrega pessoas que estavam na internet ou espalhadas em outras emissoras", explica o diretor, que conseguiu a façanha de levar José Celso Martinez para uma ponta.
"É audaciosa, mas isso pode conter armadilhas. Com tanta experimentação, pode-se virar referência ou piada."



NA TV
Cordel Encantado
De Duca Rachid e Thelma Guedes
QUANDO de segunda a sábado, às 18h25, na Globo
CLASSIFICAÇÃO livre



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