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Selos suecos procuram saídas fora da indústria
Para grupo de pequenas gravadoras, CD deixou de ser o interesse principal
Conjunto de ações inclui divulgação na internet, turnês e brindes: "mais que uma gravadora, viramos uma empresa musical"
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM ESTOCOLMO
A indústria da música morreu? Sem problemas, vem aí o
Swedish Model. Sete pequenas
gravadoras do rock sueco se
juntaram para lançar o, considerado por eles, novo modelo
de distribuição musical, que no
país começa a importunar as
grandes gravadoras.
A campanha, nacional, nem é
grande novidade, mas posta em
prática tem ganhado adeptos e
vozes contrárias de toda parte.
Consiste num pensamento
atual de distribuição de música
na contramão da indústria como a conhecíamos antes da era
do download gratuito. O que interessa, para eles, deixou de ser
o CD. Explica-se.
"Primeiro é preciso reconhecer que o velho modelo de consumo musical está morrendo e
todo mundo baixa música de
graça. Há em curso uma profunda e irreversível revolução
técnica e cultural. As grandes
gravadoras ainda tentam sobreviver à custa do modelo tradicional, e a indústria musical
está morrendo. Nós reconhecemos isso e a partir daí sabemos
que precisamos fazer alguma
coisa para conseguir dinheiro
de algum lugar, para pagar nossos aluguéis", afirma à Folha o
produtor Abbas Salehi, iraniano que cresceu na Suécia.
"E esse dinheiro vem de turnês, camisetas de banda, merchandising espertos, festas. O
CD, como suporte principal, virou um detalhe na nova ordem
musical. Vá ao show da banda
tal e ganhe o novo CD dela. Essa é a idéia."
Salehi é o cabeça da gravadora I Made This, que distribui
também na Suécia várias bandas americanas e britânicas.
Além da I Made This, participam do Swedish Model os selos
Hybris, Songs I Wish I Had
Written, Flora & Fauna,
Adrian Recordings, Nomethod
Records e A TenderVersion
Recording, todas formadas de
1999/2000 para cá e por onde
circulam boa parte do rock independente sueco, com várias
bandas com boa projeção no
circuito alternativo europeu.
Mantra
"Mais do que ser uma gravadora de música, nós viramos
uma empresa musical. A primeira coisa que fizemos foi
montar uma estrutura para distribuirmos música de graça na
internet. Uma vez feito isso, a
gente pega a banda, bola estratégias de marketing, estruturamos sua turnê, montamos festas para ela, criamos logo, tentamos colocá-las em filmes de
cinema e seriado de TV, melhoramos seus equipamentos",
enumera Abbas Salehi.
"Our Fans Are Belong to Us"
é o mantra aparentemente bobo e de inglês ruim, tirado de
game para o Mega Drive. O game, versão do japonês "Zero
Wing", abre com a frase "all
your base are belong to us", que
depois, por algum motivo, virou um fenômeno da internet.
O mantra em si pode parecer
bobo, mas o recado dos sete selos que juntos estão mudando a
música na Suécia está dado direitinho.
(LÚCIO RIBEIRO)
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