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Editora prepara série de livros sobre Mira Schendel
Obras sobre artista integram projeto de "internacionalização" da Cosac Naify
Schendel também terá mostra no MoMA em 2009; livro sobre a escultora Maria Martins abre coleção voltada à arte latino-americana
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Duas artistas com trajetórias
marcantes no Brasil e prestígio
no exterior servem de chamariz para uma nova fase da editora Cosac Naify, com acento "internacional".
Uma delas é Mira Schendel
(1919-1988), suíça que se radicou em São Paulo em 1953, dois
anos depois de ter participado
da 1ª Bienal de São Paulo, e que
vai ganhar exposição no MoMA
(Museum of Modern Art), em
Nova York, em 2009. A mostra
também contemplará a obra do
argentino León Ferrari, 87, último Leão de Ouro na Bienal de
Veneza no ano passado.
No mês que vem, a Cosac
Naify leva ao mercado dois livros sobre a obra de Schendel.
Um deles é a reimpressão de
"Mira Schendel", de Maria
Eduarda Marques, há tempos
esgotado. O outro projeto, mais
ambicioso, é de autoria de Geraldo Souza Dias, professor da
ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade
de São Paulo), e acompanha a
trajetória da artista desde sua
fase européia, incluindo toda
sua obra no Brasil. Com 356 páginas e 180 imagens, o volume
bilíngüe exibirá textos e trabalhos inéditos, como a série
"Bordados".
No ano que vem, a Cosac lançará o catálogo da exposição
dos dois artistas no MoMA. A
editora também lançou em
2006 um grande livro sobre a
obra do argentino.
Maria Martins
A outra "estrela internacional" é Maria Martins (1900-1973), que deve finalmente ganhar um livro brasileiro de peso. Ligada aos surrealistas e conhecida por seu relacionamento amoroso com Marcel Duchamp (1887-1968), a escultora
é tema de uma obra que deve
inaugurar uma coleção sobre
arte latino-americana, que terá
edições sobre o uruguaio Torres-García (1874-1949) e o venezuelano Armando Reverón
(1889-1954), entre outros.
O departamento de arte latino-americana do MoMA está
em negociações finais para
uma parceria no lançamento da
coleção, informa o presidente
da editora, o professor de literatura da USP Augusto Massi.
De acordo com ele, o "pacote" em torno da obra de Schendel, junto com outros lançamentos, abre uma tendência
forte de "internacionalização"
da editora. Edições bilíngües
como "Tropicália" (organizada
por Carlos Basualdo) e "Calder
no Brasil" (organizada por Roberta Saraiva) ajudaram a sedimentar esse segmento, acredita Massi.
Arquitetura e cinema
"Há um trabalho em lançar
livros com grande pesquisa, ensaios de autores de peso e que
criem leituras contemporâneas
sobre a obra de artistas, por
exemplo", diz ele. "Queremos
que a editora perca a imagem
que só produz edições de luxo
bancadas por um mecenas."
Nesse sentido, Massi adianta
dois outros livros na mesma linha já no prelo. O arquiteto
português Álvaro Siza, 74, ganha publicação em agosto que
esmiuça o seu projeto para a
Fundação Iberê Camargo, em
Porto Alegre, inaugurada no
mês passado. O britânico Kenneth Frampton, um dos principais críticos de arquitetura do
mundo, assinará um texto.
O outro livro é uma compilação de artigos publicados no exterior sobre a obra de Glauber
Rocha (1939-1981), organizados por Eduardo Morettin
(ECA-USP). Previsto para o início de 2009, deve ter textos de
Martin Scorsese e Bernardo
Bertolucci, entre outros.
Em arquitetura, a editora espanhola Gustavo Gili, uma das
principais na área, fez acordo
para distribuir os livros da Cosac na Europa. E, no fim do ano,
sai volume que compila ensaios
publicados no exterior a respeito da obra de Oscar Niemeyer,
com organização de Carlos
Martins, da USP São Carlos.
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