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São Paulo Fashion Week
Fause Haten se afasta do grupo I'M cinco meses após vender grife
Estilista diz só ter recebido uma das parcelas do pagamento, que deveriam durar 4 anos
ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA
O estilista Fause Haten está
se desligando do grupo I'M
(Identidade Moda), para o qual
vendeu sua grife no início do
ano e no qual atuava como funcionário, exercendo o cargo de
diretor de criação da marca.
A coleção feminina que Fause desfila hoje na São Paulo
Fashion Week foi feita independentemente pelo estilista,
que criou uma nova grife, a
FeagHa, com a logomarca FH.
"Foi tudo um grande pesadelo. Meu ego está mexido, minha
razão ficou um pouco perturbada, mas já passou e sei que
uma coisa boa me espera ali na
frente", diz o estilista.
A saída de Fause esvazia ainda mais a I'M, que, em janeiro,
durante a temporada de inverno da SPFW, causou estardalhaço ao anunciar, após a compra da Zoomp, a aquisição da
grife Fause Haten, da Herchcovitch; Alexandre, da Herchcovitch; Jeans e da Cúmplice.
Pouco tempo depois, a Cúmplice divulgou que nunca havia
assinado nenhum contrato
com a I'M. Em seguida, foi a vez
de Alexandre Herchcovitch se
desligar do grupo e revelar que
ele também não havia completado a venda de suas grifes.
Fause, porém, de fato vendeu
sua empresa e sua marca. As
conversações da HLDC Investimentos (dona da I'M) com o
estilista começaram em agosto
passado. Os contratos foram
assinados em 14 de janeiro, depois que já havia sido anunciada oficialmente a compra.
Foram três contratos. Dois
selavam as vendas da empresa
e da marca, a serem pagas em
parcelas mensais por quatro
anos. O terceiro se referia à nova função de Fause, como diretor de criação da própria marca.
O estilista diz que, fora a primeira parcela, até agora não recebeu mais nada pela venda.
Afirma também que nunca recebeu seus salários como diretor de criação, cargo que vinha
exercendo até ontem. Segundo
Fause, vários contratos feitos
com terceiros pela marca Fause Haten, após ser comprada,
ainda não foram pagos.
"Entreguei a empresa capitalizada. Não era necessário fazer
mais nada. Eu não fui atrás de
dinheiro, mas de gestão, para
que a empresa crescesse e eu
pudesse me concentrar apenas
na criação", conta o estilista.
Em março, ele descobriu que
o sócio-majoritário da HLDC
Investimentos, Enzo Manzoni,
já não controlava a I'M. Um
grande aporte financeiro dado
pela Global Capital à Zoomp teria exigido que a gestão da empresa fosse transferida ao presidente da I'M, Vicente Melo.
Houve promessas de que a Global investiria na Fause Haten,
mas a marca não foi incluída
nos novos investimentos.
"Fiquei em estado de choque,
não conseguia entender como a
empresa que era do sr. Enzo
Manzoni tinha administração
separada", diz Fause.
Desde fevereiro, o estilista
não vai à loja que leva o seu nome, na Oscar Freire. Ele continuou, no entanto, atuando no
escritório aberto pela I'M, onde, segundo Fause, "não está
sendo feito nada". A pedido do
grupo, chegou a desenhar a coleção para o verão 2009, que
não foi produzida. A I'M também desistiu de desfilar a
Zoomp nesta edição da SPFW.
Ao perceber que a coleção
não seria feita, Fause passou a
criar suas peças independentemente. Alugou um local de 500
m2 em Pinheiros, que vai funcionar ao mesmo tempo como
loja, ateliê e espaço cultural.
"Eu não perdi a minha marca.
A minha marca sou eu, minha
cabeça e minhas mãos. Onde
eu estiver, as minhas clientes
estarão", afirma.
Fause Haten deve pedir hoje
o seu desligamento como funcionário do grupo I'M. "Não sei
se sou crédulo, mas não consigo achar que tudo isso foi um
golpe", desabafa.
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