|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Discípula de Hancock abre festival
A pianista americana Rachel Z, que mistura pop, jazz e rock, é atração do novo Bridgestone Music, em SP
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Nomes como o de Rachel Z
ou do cantor Daby Touré, que
abrem o Bridgestone Music,
hoje, em São Paulo, ainda soam
desconhecidos por aqui. Esse
toque de estranheza faz parte
do conceito desse novo festival:
além de sugerir conexões entre
gêneros musicais aparentemente distantes, como o jazz e
a world music, o evento pretende surpreender a platéia.
Seguidora assumida do pianista Herbie Hancock, a talentosa pianista Rachel Z tem diversos atrativos para conquistar um fã-clube no Brasil, exceto entre os ouvintes mais puristas. Como seu mentor, ela rompe com o repertório tradicional
do jazz, fazendo releituras de
sucessos do pop e do rock.
"É muito divertido criar uma
versão jazzística de "Red Rain",
depois de ter tocado essa música na banda do próprio Peter
Gabriel", diz à Folha a pianista
nova-iorquina, ressaltando que
os integrantes de seu trio, o Department of Good and Evil, já
tocaram tanto em grupos de
jazz como em bandas de rock.
"Isso nos dá um nível de autenticidade maior", afirma.
Bem-humorada, ela ri ao
lembrar que declarou, anos
atrás, que pretendia ser "o novo Herbie Hancock". "Espero
já ter conseguido algo assim,
mas deixo que as platéias e os
críticos dêem essa resposta",
diverte-se. "Herbie diria, provavelmente, que eu sou a nova
Rachel Z. Em outras palavras, é
melhor ser você mesma."
Por isso a pianista admite ter
sentido um gostinho especial,
no ano passado, quando Hancock lançou um disco com versões jazzísticas de canções da
cultuada compositora canadense Joni Mitchell como Rachel Z já fizera em "Moon at
the Window", em 2002.
"Fiquei feliz ao ver que, finalmente, ele roubou uma das minhas idéias depois de eu ter
roubado umas 3 milhões de
idéias dele", diz, rindo. "O fato
de ele ter recebido o prêmio
(Grammy) de melhor disco do
ano encorajou muita gente.
Mostrou aos músicos de jazz
mais jovens que também podem ser reconhecidos se trabalharem seriamente."
Três vezes melhor
Formada pelo conceituado
New England Conservatory,
em Boston, Rachel Nicolazzo
(seu sobrenome verdadeiro)
sabe bem o quanto precisou batalhar para se destacar em um
meio tão competitivo quanto o
do jazz em Nova York, ainda
mais sendo mulher.
"Eu praticava 12 horas por
dia. Meus professores diziam
que eu teria de ser três vezes
melhor do que um homem para
receber o mesmo grau de reconhecimento. No entanto, muitos homens, como Mike Manieri, Wayne Shorter, Peter Gabriel, Stanley Clarke e Al Di
Meola, me ajudaram a chegar
aonde estou", diz ela, citando
músicos com os quais já tocou.
Como qualquer jazzista, Rachel escolhe o que toca só na
hora de entrar em cena, mas revela que vai tocar com o violonista Chico Pinheiro uma releitura de "Love Will Tear Us
Apart", hit do Joy Division.
"Temos uma versão dessa
música que soa bem e estamos
animados por poder tocá-la
com um dos melhores músicos
brasileiros da nova geração",
elogia a nova-iorquina. Quem
fecha a noite é Daby Touré,
cantor e violonista da Mauritânia que vive na França. Faz um
pop africano de alta qualidade.
BRIDGESTONE MUSIC
Quando: hoje (Rachel Z & Department of Good and Evil e Daby Touré
Quintet), amanhã (Dr. Lonnie Smith
Soul Jazz Trio e Dobet Gnahoré) e
sáb. (Vijay Iyer Quartet e Souad
Massi et Groupe), sempre às 21h
Onde: Citibank Hall (av. dos Jamaris, 213, tel. 0/xx/11/6846-6000;
classificação: 14 anos)
Quanto: R$ 30 a R$ 90
Texto Anterior: Mostra reúne oito filmes da recente safra francesa Próximo Texto: Frase Índice
|