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"West Side Story" volta bilíngüe à Broadway
Nova montagem do musical terá trechos em espanhol e atores hispânicos
Diretor promete versão mais sombria e tensa da trama sobre gangues adolescentes inspirada
em "Romeu e Julieta"
JULIE BOSMAN
DO "NEW YORK TIMES"
Mais de 50 anos depois de estrear na Broadway, o musical
"West Side Story" voltará aos
palcos nova-iorquinos em fevereiro, numa versão mais sombria, tensa e bilíngüe. Segundo
o diretor Arthur Laurents, 91,
para reforçar a paixão e a autenticidade da obra, parte do
diálogo falado e cantado do espetáculo será em espanhol.
"Os personagens falarão espanhol onde normalmente o
fariam", disse Laurents, acrescentando que legendas serão
usadas para ajudar a audiência.
Laurents, autor do libreto de
"West Side Story", prometeu
fazer da remontagem uma versão mais realista do original,
um romance musical envolvendo gangues de adolescentes
inspirado por "Romeu e Julieta" e passado no West Side de
Manhattan na década de 50.
Com música de Leonard
Bernstein e letras de Stephen
Sondheim, o espetáculo estreou na Broadway em 1957.
Depois de ficar em cartaz durante 732 apresentações, foi
adaptado para o cinema em filme estrelado por Natalie Wood
e Richard Beymer, e remontado em 1964 e 1980.
Laurents ainda se irrita com
a menção da remontagem de
1980, que ele define como chocha, e com a versão cinematográfica, que ele descreve assim:
"Sotaques falsos, gírias falsas,
roupas falsas. E também acho
as interpretações terríveis".
"As versões anteriores apresentavam os personagens adolescentes como inocentes demais", completa. "Não se pode
tratar esses garotos como queridinhos, e sim como aquilo que
eles são", afirma. "São todos
matadores. E a história, na verdade, mostra como o amor é
destruído por um mundo de
violência e fanatismo".
A origem da nova montagem
foi uma idéia do companheiro
de Laurents durante 52 anos,
Tom Hatcher, morto em 2006.
Em uma visita a Bogotá, Hatcher viu uma montagem de
"West Side Story" em espanhol.
Na versão colombiana, o idioma transformava o espetáculo:
os Sharks eram os heróis, e os
Jets, os vilões.
"Achei que seria ótimo se pudéssemos igualar as gangues de
alguma maneira", diz o diretor.
A escolha do elenco deve ser
concluída até metade de setembro. Arthur Laurents pretende
usar atores hispânicos na gangue dos Sharks e, especialmente, no papel de Maria.
"Não vou escalar alguém e
usar maquiagem para escurecer sua pele. É importante ter
uma latina no papel por um
motivo simples: creio que eles
saibam o que é o sentimento da
exclusão. Se tiverem sangue
porto-riquenho, saberão o que
é preconceito; se tiverem qualquer sangue hispânico, saberão
o que é preconceito".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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