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NA REDE
mente brilhante
Criador do Digg.com, Kevin Rose conta como funciona o sistema em que 29 milhões de visitantes por mês escolhem as melhores histórias da internet
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
A história não é nova: um garoto fanático por computadores, tratado como nerd pelos
colegas de escola, abandona a
faculdade e vai tentar a sorte no
mercado da internet.
Nova foi a idéia que ele teve:
aproveitar o crescente poder
das redes sociais on-line e criar
um site que reunisse as melhores histórias e links da internet,
enviados e hierarquizados pelos próprios internautas.
E assim, munido de suas parcas economias, Kevin Rose, o
tal garoto, contratou um programador por US$ 12 a hora,
alugou espaço em um servidor
por US$ 99 ao mês e deu forma
à sua idéia, criando o Digg.com
no fim de 2004, aos 27 anos.
Um ano e meio depois, Rose
estava na capa da revista "Business Week" com a manchete
"Como este garoto faturou US$
60 milhões em 18 meses".
O modelo do Digg ressoou
com força entre a geração de internautas da web 2.0, que são
participativos, gostam de sugerir, de receber e comentar sugestões de outros usuários e
acreditam no poder dos blogs e
das redes sociais como difusores de notícias.
"O Digg é uma plataforma
onde as pessoas se reúnem para
descobrir e compartilhar conteúdo de maneiras que não podem ser feitas por meio da mídia tradicional", diz Rose, por
e-mail, em entrevista à Folha.
"O site pega o melhor dos
dois mundos. Um artigo da mídia tradicional tem tanta chance de ser promovido no Digg
quanto um blog obscuro, se o
conteúdo for interessante.
Além disso, como recebemos
mais de 16 mil sugestões de
conteúdo diariamente, o site é
uma grande maneira de consolidar informações de diversas
fontes, em vez de tirá-las de um
único jornal ou revista."
Controle
O modelo de "notícias populares" do Digg foi bastante copiado por outros sites, mas
mostrou limitações: como o
conteúdo é controlado pelos
usuários, uma dúzia de internautas obstinados pode ser suficiente para alterar artificialmente o que aparece no site.
"Nós percebemos que, em
comunidades abertas, os
usuários que "gritam" mais
aparecem mais. Para evitar isso, desenvolvemos uma série
de mecanismos para encorajar cada vez mais pessoas a
participar ativamente", diz
Rose.
O site também lançou mão
de um algoritmo -um programa que usa cálculos e um conjunto de regras para ponderar
os votos e as sugestões, tornando o ranking de popularidade mais equilibrado.
"O algoritmo é o principal
diferenciador do Digg, foi algo
que passamos mais de três
anos refinando. Ele garante
que o conteúdo mais popular e
votado pelo grupo mais diverso de usuários chegue ao topo."
Com o aumento da fama do
site -segundo Rose, são 29
milhões de visitantes únicos
por mês-, ele passou a ser vítima de internautas bancados
por empresas ou políticos interessados em promover notícias relacionadas a eles (e em
"enterrar" as menções negativas).
Para combatê-los, Rose diz
contar com a "experiência em
análise estatística e comportamental do material que é submetido pelos usuários", o que
lhe permite identificar desvios do padrão e bloqueá-los.
Mais do que isso, ele se baseia
firmemente no lema "o usuário
é o moderador". "A comunidade do Digg é muito eficiente em
se autopoliciar e nós lhe damos
as ferramentas para denunciar
e banir usuários. Nossos usuários são nossos editores."
Para o alto e avante
Apesar de ser sua criação
mais bem-sucedida, o Digg não
foi a única incursão do norte-americano Rose na rede -ele
também fundou uma TV on-line (a Revision3) e um site que
é, grosso modo, uma mistura
do Twitter com o Orkut, o
www.pownce.com.
Mas é no Digg que sua atenção segue focada -o site acaba
de fechar uma parceria com o
ultrapopular site de relacionamentos Facebook, fazendo
com que os 90 milhões de usuários deste possam se tornar, automaticamente, "diggers" (como são conhecidos os usuários
do Digg).
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