São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2008

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Crítica

Em "Hércules", o tempo desgasta o heroísmo

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Existe algo de profundamente triste em "Hércules 56" (Canal Brasil, 22h; livre), que talvez tenha escapado às intenções do diretor, Silvio Da-Rin, mas não escapou das câmeras.
Para Da-Rin, talvez a matéria essencial do filme seja o heroísmo dos ativistas políticos expatriados após um seqüestro, em 1969. Para o filme, a matéria essencial é o tempo.
Entre o fato e o depoimento dos então expatriados existem quase 40 anos. As cabeças tornaram-se grisalhas. O heroísmo esvaneceu-se. Muitas dessas pessoas agora estão no poder, ou o cortejam -tanto faz.
A luta contra a ditadura e suas durezas, prisão, tortura etc. estão nos relatos, nas palavras, é verdade. Mas sua força perde-se nos vãos do tempo. Não é que o esforço de Silvio Da-Rin não tenha mérito, nem interesse. Tem. É que, por um lado, revolucionários não deviam envelhecer: a vida fora do mito os castiga. E, quando a matéria é memória e tempo, logo pensamos em Alain Resnais. Revolucionários não deviam envelhecer.


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