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Crítica
Spielberg escapa ao previsível em "Munique"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Se "Munique" começa com
o atentado contra os atletas israelenses, na Olimpíada de
1972, é bem outra sua questão:
o plano urdido e posto em prática pelo governo israelense,
gabinete de Golda Meir, para
esclarecer e vingar o episódio.
O que se poderia esperar de
Steven Spielberg, não por suas
convicções políticas, mas pelas
cinematográficas, seria um filme que, partindo de um problema e de uma proposta de
ação, se encaminhasse para a
elucidação completa do caso e,
portanto, para a satisfação do
espectador.
Eis que, movido por convicções políticas, Spielberg desvia-se do roteiro previsível para situar o espectador no beco
sem saída das hostilidades no
Oriente Médio. E o que devia
ser claro e evidente torna-se
brumoso (quando não francamente pantanoso). E o espectador -consumidor de cinema,
que se acostumou a pagar o
preço da entrada para não ser
frustrado- que se vire. Azar,
cinema é também um modo de
conhecimento.
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