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Novo galã global não quer ser mais um modelo-ator que não emplacou
À espera de um milagre
CLÁUDIA CROITOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DO RIO
"Eu não posso fazer nada. Eu estou esperando o Manoel Carlos",
responde o modelo Rafael Calomeni, 30, quando alguém comenta que seu personagem na novela
das oito está apagado.
Lançado na TV há alguns meses
como o "novo Gianecchini", em
alusão ao galã que despontou em
"Laços de Família", o Expedito de
"Mulheres Apaixonadas" ainda
não disse a que veio. Seu personagem, um rapaz tímido do interior
que acaba tendo um romance
com a patroa -uma mulher bem
mais velha, vivida por Suzana
Vieira, a Lorena-, geralmente
entra mudo e, se não sai calado
das cenas, nunca fala mais que algumas frases sem importância.
Além disso, em uma novela
com tantas histórias polêmicas, o
romance bem morno da mulher
já madura com um garotão é das
que chama menos atenção.
Manoel Carlos anuncia reviravoltas. "Até agora foi tudo um
mar de rosas, mas com o conflito
que está por vir a temperatura do
casal aumentará muito."
Esperando repetir a trajetória
de modelos como Reynaldo Gianecchini e Thiago Lacerda, que,
interpretações à parte, conseguiram entrar para a lista dos protagonistas das principais novelas da
Globo, Calomeni terá no conflito
anunciado pelo autor a chance de
demonstrar se tem talento e cruzar a tênue linha que separa os
modelos que deram certo como
atores daqueles que passam a vida
em papéis menores ou bem longe
da televisão.
Em breve, Expedito irá se envolver com uma mulher mais nova,
tumultuando sua relação com Lorena. E, como se trata de uma novela de Manoel Carlos, a nova paixão de Expedito é ninguém menos que a nora de sua namorada,
vivida por Paloma Duarte.
"Agora o bicho vai pegar", comemora Calomeni, que nega que
o papel tenha frustrado suas expectativas. "Comecei a cem por
hora no início da novela. Só dava
Expedito e Lorena, todo mundo
esperando o dia da primeira transa", afirma. Mas não passou muito disso.
"Lógico que todo mundo tem a
expectativa de que o Expedito se
mostre mais, fale mais", continua
ele. "Mas Manoel disse que todos
iriam desenvolver seus personagens."
Até agora, o que Calomeni desenvolveu no seu personagem foi
a profissão de modelo, que os dois
têm em comum. "Desfilar para
mim é muito fácil. Eu me destaco
dos atores nesse ponto, tenho um
pacote mais completo."
Com esse pacote, o modelo/ator
diz que veio preencher uma "lacuna" na Globo. "Não há muitos
atores da minha idade. Os grandes atores já estão bem mais velhos, ou melhor, mais maduros.
Precisa haver uma reciclagem.
Além disso, tenho traços mais fortes, masculinos, e hoje na TV tem
muita gente teen."
Mesmo com esses atributos, Calomeni rejeita o título de "apenas
mais um rostinho bonito na novela das oito". "Sou ator, comecei a
estudar teatro em 95. Foram oito
anos esperando."
Oito anos, sete horas e quatro
meses. Ao saber dos testes para
participar da novela, Calomeni foi
pessoalmente à Globo falar com o
diretor Ricardo Waddington -e
teve de esperar sete horas até ser
atendido.
Depois disso, fez testes e teve de
ser paciente por mais quatro meses até ser chamado para o papel.
Quando a novela foi ao ar, a expectativa era em cima da aposta
da Globo para o posto de novo galã das oito, mas a espera pela "revelação" ainda continua.
"Como ator, lógico que gostaria
de dar uma cara mais dramatúrgica para Expedito", afirma ele,
que não perde as esperanças de
poder interpretar algo mais que as
insossas conversas que tem com a
namorada. "Expedito é assim. Ele
não fala da vida dele, então ninguém sabe quem ele é; ele pode se
transformar no que quiser."
Pode, inclusive, se transformar
em um novo cigano Igor -papel
eternizado pela atuação de Ricardo Macchi em "Explode Coração". Disso, Calomeni diz que
passa longe. "Nunca recebi críticas pela minha interpretação."
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