|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Calma, Betty!
A protagonista norte-americana de "Ugly Betty" reclama do excesso de foco "na vaidade" e diz não achar a menor graça nos "facelifts"
Com ao menos 15 versões pelo mundo, a personagem desajeitada e feiosa vai à China, enquanto sua adaptação mais premiada chega ao terceiro ano nos EUA
CRISTINA FIBE
DA REPORTAGEM LOCAL
Ela já viajou a 76 países; ganhou ao menos 15 cópias (12
oficiais, as outras não-autorizadas); e prepara as malas para ir
à China até o fim do ano.
A novela colombiana "Yo Soy
Betty, la Fea" (1999) -ou
"Betty, a Feia", exibida pela RedeTV! de 2002 a 2006-, de
Fernando Gaitán, conquistou o
mundo ao transformar em estrela uma protagonista feia e
desajeitada, mas inteligente.
No Brasil, está sendo mostrada a versão americana, a "mais
diferente", segundo o autor. O
final da primeira temporada irá
ao ar nesta quarta, às 20h, pelo
canal Sony, segundo o qual o
episódio foi visto por mais de 10
milhões de pessoas nos EUA.
Com uma protagonista latina, "Ugly Betty" já ganhou 32
prêmios no país, inclusive
Emmys e Globos de Ouro. Passaram pela série, que tem terceira temporada confirmada,
estrelas como a atriz Salma Hayek, a estilista Vera Wang e a
cantora Victoria Beckham.
A responsável por boa parte
desse reconhecimento é a atriz
America Ferrera, 24, nascida
em Los Angeles e descendente
de hondurenhos. "Fico feliz por
viver em um tempo em que isso
é possível [ser latina e ter uma
série de sucesso]", diz, em entrevista à Folha, por telefone.
"Há dez, 15 anos, não acho
que um canal [dos EUA] estivesse pronto para uma "Betty"
ou uma latina "mainstream",
como Eva Longoria em "Desperate Housewives'", compara.
Ferrera reclama do excesso
de foco de "muitas sociedades
na vaidade, nas pessoas belas e
na graça de ser uma pessoa perfeita, com implantes nos seios e
na bunda e "facelifts'".
"Há tantas maneiras de ser
"bonita"... Conheço um monte
de mulheres lindas ou garotas
que nem cresceram e estão insatisfeitas consigo mesmas."
Para o criador de "Betty", esse é justamente o fator que faz
da personagem um sucesso
mundial. Além da vaidade, Gaitán vê na combinação de "drama, humor e conflitos de escritório" outro aspecto que a torna única e universal.
Sem sexo
Depois de Índia, Israel, México e outros, Gaitán fechou com
a China para adaptarem "o projeto mais importante de sua
carreira", e terá que vê-lo submetido a modificações radicais.
"É uma versão de até 80 capítulos, uma limitação imposta
pelos chineses", conta Gaitán.
E, segundo agências internacionais, a "Betty" chinesa, que
terá investimento de US$ 21
milhões, evitará diálogos sobre
sexo, personagens homossexuais e mães solteiras.
"Sei que há versões da Betty
em todo o mundo... E o que é
mais consistente em todas é
que o coração as faz brilhar. Ela
é um coração andante. Mas, por
causa das atrizes, suas aparências e maneiras de atuar, as personagens são muito diferentes", opina Ferrera.
Ela diz ter assistido à original
para se preparar. "Vi dois episódios, porque queria ter uma
noção de por que era um sucesso tão grande. Foi mágico.
Achei maravilhoso e não quis
continuar assistindo, porque
não queria imitar ninguém."
A atriz refere-se à colombiana Ana María Orozco, a exagerada Betty original, que, no fim,
fica linda e se casa com o mocinho. Na vida real, Betty deu a
Orozco seu papel mais célebre;
depois dela, a atriz fez participações no cinema e na TV, e seu
último trabalho foi como Susana Martinez, ou Susan Mayer,
na versão colombiana de "Desperate Housewives" (na original, o papel é de Teri Hatcher).
Reclamações
No Brasil, espectadores de
"Ugly Betty" reclamam da irregularidade nas exibições da série, pelo canal Sony. As principais queixas são o cancelamento de episódios ou a exibição,
no lugar dos inéditos, de reprises, sem aviso prévio.
Questionado pela Folha, o
canal respondeu: "O Sony Entertainment Television já identificou tais problemas e está
trabalhando para minimizar e
evitar esse tipo de ocorrência.
O canal prima pela qualidade
de sua programação e transmissão, e se preocupa com a satisfação de seus assinantes. Para tanto, já está fazendo um
trabalho de apuração dos problemas que vêm acontecendo,
para que possa evitá-los".
Texto Anterior: Raio-X Próximo Texto: Foco: Para modelo da São Paulo Fashion Week, "não existe mulher feia" Índice
|