|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Carnegie Hall lotado recebe João Gilberto
Com ingressos esgotados, cantor se apresenta na famosa casa de Nova York, marcando os 50 anos da bossa nova
Concerto integra o JVC Jazz Festival, cujo diretor, George Wein, classifica shows do brasileiro como "experiência religiosa"
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
João Gilberto se apresenta
na noite de hoje na casa de espetáculos mais prestigiosa de
Nova York, o Carnegie Hall, no
centro de Manhattan. Músico,
banquinho e violão ocupam o
palco Perelman do auditório
Stern a partir das 20h locais
(21h de Brasília) e por quanto
tempo o brasileiro desejar.
Sua primeira apresentação
na casa data de 21 de novembro
de 1962, quando o inventor da
bossa nova dedilhava um Romeu nº 3. Desde então, o músico de 77 anos (completados no
último dia 10) se apresentou no
Carnegie Hall pelo menos em
1998, 2000, 2002 e 2004.
O show faz parte do JVC Jazz
Festival, o mais importante do
gênero, e não há mais ingressos
à venda. Até a conclusão da edição, não havia informações sobre o repertório.
A apresentação também integra uma etapa da série de homenagens previstas para os 50
anos da bossa nova -é consenso que os marcos iniciais do
movimento musical foram um
LP de 1958, "Canção do Amor
Demais", de Elizeth Cardoso
(1920-1990), em que o violão de
João Gilberto aparece em duas
músicas, e o 78 rotações gravado em 10 de julho do mesmo
ano com "Chega de Saudade"
de um lado e "Bim Bom" do outro, cantadas e tocadas pelo
próprio João.
Em agosto e setembro, ele se
apresenta em São Paulo, no Rio
de Janeiro e em Salvador.
Nos EUA, um dos primeiros a
acreditar no amor, no sorriso e
na flor foi o produtor musical
George Wein, de 82 anos.
Ao diretor geral do JVC é
atribuída a invenção do conceito de "festival de jazz", com o
Newport Jazz Festival, realizado pela primeira vez naquela cidade do Estado de Rhode Island, em 1954. A Folha tirou algumas dúvidas com ele, por telefone.
FOLHA - Cinqüenta anos depois, a
bossa nova ainda é relevante?
GEORGE WEIN - Boa música sempre é relevante. Bossa nova é
boa música. Logo, bossa nova é
relevante. Além disso, o show
de João foi o que teve os ingressos mais rapidamente esgotados de todas as atrações do festival. Como sempre.
FOLHA - João Gilberto ainda é relevante?
WEIN - Ele é o pai do gênero, e
as pessoas respeitam os pioneiros. Ele faz do Carnegie uma catedral. Durante seu show, você
pode ouvir uma agulha cair no
chão. É uma experiência religiosa. Só vi isso acontecer outras vezes em concertos de música clássica. Mesmo assim, não
sempre, não em todos.
FOLHA - Bossa nova é jazz?
WEIN - Há uma relação, obviamente.
FOLHA - João Gilberto é jazz?
WEIN - Quando João Gilberto
toca violão e canta, João Gilberto é João Gilberto.
FOLHA - O que o sr. acha da chamada "new bossa", da qual Bebel Gilberto, filha de João, é uma das expoentes?
WEIN - Para mim, não é o artigo
legítimo.
FOLHA - Em 2004, durante o JVC no
Carnegie Hall, João Gilberto deixou
o palco, reclamando de problemas
técnicos, e depois voltou. Pode
acontecer de novo?
WEIN - Honestamente? Sim.
Texto Anterior: Foco: Para modelo da São Paulo Fashion Week, "não existe mulher feia" Próximo Texto: Músico deve fazer 4 shows no Brasil Índice
|