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Músico Almeida Prado morre aos 67
Santista era professor aposentado da Unicamp e apresentador do programa "Caleidoscópio", da Cultura FM
Seu catálogo, formado por mais de 400 obras, inclui as "Cartas Celestes", "Sinfonia dos Orixás" e "Salmo 23"
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Brasil perdeu ontem um
de seus principais compositores do pós-Guerra. Internado há dez dias na UTI do hospital Panamericano devido a
uma parada respiratória, o
santista José Antônio Rezende de Almeida Prado faleceu
em São Paulo aos 67 anos.
Diabético desde 1997, Almeida Prado tinha saúde frágil. A doença afetou a visão e
causava-lhe problemas para
compor.
Tais dificuldades, contudo, não o impediam de ser
um dos mais requisitados autores brasileiros.
Em 2005, foi compositor
residente do Festival Internacional de Inverno de Campos
do Jordão; Antonio Meneses
encomendou-lhe "Preambulum", para violoncelo solo, e
ele vinha sendo, nos últimos
anos, regulamente programado pela Osesp, que tocou
algumas de suas principais
criações, como o "Salmo 23"
e a "Sinfonia dos Orixás"
-que a Orquestra Sinfônica
de Santo André executa no
próximo final de semana, regida por Carlos Moreno, genro do compositor.
Em 2009, sob a regência de
Cláudio Cruz, a Osesp interpretou sua última grande
criação orquestral: a música
que ele fez para o filme silencioso "Estudos Sobre Paris"
(1928), de André Sauvage.
Professor aposentado da
Unicamp, Prado era ainda
um comunicador dotado de
erudição e charme, que apresentava, na Cultura FM, "Caleidoscópio", programa de
música contemporânea.
PIANO
Aluno dos nacionalistas
Camargo Guarnieri e Osvaldo
Lacerda, era pupilo informal
do vanguardista Gilberto
Mendes em 1969, quando,
aos 26 anos, com os "Pequenos Funerais Cantantes",
conquistou o primeiro lugar
no Festival da Guanabara.
O prêmio lhe permitiu cruzar o Atlântico: morou em
Paris durante quatro anos,
onde teve aulas com Nadia
Boulanger e Olivier Messiaen, sua grande influência.
Virtuose do piano, Prado
foi um dos compositores brasileiros que melhor entendeu
o instrumento, tendo escrito
para ele obras concertantes,
camerísticas e solistas.
As mais célebres são as
"Cartas Celestes nº 1" (1974),
em um idioma arrojado e
despido de concessões.
Não restritas apenas ao
piano, as "Cartas Celestes" se
tornaram uma rica série de
criações.
Seu catálogo, de mais de
400 itens, inclui partituras
de forte conteúdo espiritual
(não raro, de caráter abertamente religioso) e um uso
pessoal de efeitos timbrísticos e harmônicos.
A partir do "Trio Marítimo"
(1983), a agressividade dos
anos 60 e 70 começa a ficar
para trás e sua obra contempla peças neorromânticas e
desconcertantemente acessíveis, como as "Gravuras Sonoras a D. João 6º" (2007).
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