São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2010

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CRÍTICA ROMANCE

Obra patina na forma literária e perde contato com a realidade

DE SÃO PAULO

Há uma aflição de fundo que percorre as páginas de "Perácio - Relato Psicótico".
Tudo aqui é programaticamente intenso e multiplicado -vozes narrativas, personagens, cidades (São Paulo, Palanquelândia, Georgetown, Cavarzere, Veneza).
No entanto, a amarração desses elementos não é a preocupação maior de seu autor. A linearidade clássica não é a tônica de seus roteiros e fica evidente no romance seu fascínio pela montagem. Mantovani é um grande admirador de Eisenstein (1898-1948).
Mas um roteiro, por melhor que seja, é concebido para se realizar integralmente em outra linguagem, que é a do cinema.
Já uma obra literária é, obrigatoriamente, de natureza muito mais autorreferente, mesmo aquelas de corte realista. E esse é o ponto em que a obra gira em falso, pois seu horizonte de expectativa parece ser sempre uma outra forma que não a literária.
A saturação de vozes e espaços oferece grande potencial a um cineasta, mas faz com que ela perca contato com a realidade que lhe é inerente. Nesse sentido, "Perácio" padece da mesma doença de seu subtítulo. (MFP)


PERÁCIO - RELATO PSICÓTICO
AUTOR Bráulio Mantovani
EDITORA Leya
QUANTO R$ 39,90 (224 págs.)
AVALIAÇÃO regular




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