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TELEVISÃO
Cultura terá ombudsman que não fala de infantis
Ex-TV Globo, Ernesto Rodrigues diz que só analisará a programação noturna
Jornalista fará coluna na internet; cargo é preenchido dois anos depois da saída de Osvaldo Martins, que fazia duras críticas à emissora
DA REPORTAGEM LOCAL
A TV Cultura voltará a ter
um ombudsman, a partir da
próxima segunda, dois anos
depois da saída de Osvaldo
Martins, que deixou o cargo
após fazer duras críticas públicas ao canal.
O jornalista Ernesto Rodrigues, 54, que assume a função,
disse ontem à Folha que foi
contratado para avaliar apenas
a programação noturna, para
adultos, e não os infantis, carro-chefe da Cultura. "Eu sou
jornalista, não tenho formação
nem competência para falar
dos infantis", disse.
Não vai debater, por exemplo, uma das principais discussões atuais da TV: o projeto de
lei para proibir a veiculação de
propaganda na programação
infantil -tema sobre o qual a
TV Cultura, que é pública e exibe anúncios para crianças como as TVs comerciais, ainda
não se manifestou. "Esse tipo
de questão realmente nunca
passou pela minha cabeça."
Rodrigues terá uma coluna
semanal no site da emissora
(www.tvcultura.com.br),
que será atualizada com comentários diários. Ele afirmou
que seu contrato, que é de dois
anos, prevê a veiculação de um
programa do ombudsman na
televisão. "Isso precisa ser
muito bem estudado, porque o
ombudsman, que existe para
melhorar a qualidade da programação, não pode colocar no
ar um programa ruim."
O jornalista disse que seu
principal foco será "tornar a
emissora realmente pública, no
sentido de ter um impacto, de
atrair uma faixa da população
que hoje está entregue às TVs
comerciais, em meio a uma
guerra de audiência que nem
sempre é bonita". "A classe média pode buscar o que quer nos
canais fechados, mas o povão
tem que se contentar com as
outras TVs abertas", diz ele, para quem a Cultura é "elitizada".
Rodrigues é formado em jornalismo pela PUC de Belo Horizonte e dá aula na PUC do
Rio. Já passou pela Globo, "Isto
É", "Veja" e pelo "Jornal do
Brasil".
(LAURA MATTOS)
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