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Consultoria sugeriu a troca de comando na Osesp, diz governo
Americano nega proposta, usada para justificar saída de Neschling
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Versões dissonantes cercam
a saída do maestro John Neschling da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo).
Na semana passada, ele comunicou, em carta, a decisão de
deixar a função de regente titular e diretor artístico, cargos
que ocupa desde 1997.
Segundo integrantes do Governo de São Paulo, Neschling
fez o gesto a pedido do conselho
da Osesp, após a conclusão de
uma consultoria.
No ano passado, a Osesp chamou o presidente da Liga de
Orquestras Americanas, Henry
Fogel, para a realização de consultoria em sua administração.
E, segundo integrantes do governo, ele recomendou a saída
de Neschling.
Fogel esteve no Brasil por
dois dias em outubro. Procurado pela Folha, admite ter feito
recomendações ao conselho.
Por exemplo, para ampliação
da receita da orquestra e adoção de novas práticas administrativas e técnicas de marketing. Mas ele nega que tenha
proposto a troca de comando.
"Nunca recomendei a saída
do maestro", disse ele, explicando que não cobrou pelo serviço, mas teve as despesas pagas pelo conselho da Osesp.
No governo, porém, a consultoria é usada como justificativa para a saída.
Avisado da idéia de substituição, Neschling teria se antecipado: enviou uma carta ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que preside o
conselho da Osesp, informando a decisão de deixar a orquestra em outubro de 2010, quando expira seu contrato.
Se vingar a proposta do secretário de Cultura, João Sayad, o novo regente será escolhido num concurso público.
Anunciada a decisão de sair,
Neschling acusou o governo estadual de intervenção na administração da orquestra. O
maestro, que não conta com a
simpatia do governador José
Serra, disse, em entrevista à revista "Veja São Paulo", que o
Estado retinha recursos.
Sayad nega qualquer intervenção. Mas admite ter feito
restrições a gastos realizados
com recursos do Tesouro. O
Estado sugeriu que as turnês
itinerantes fossem feitas no
Brasil, não mais no exterior. E
recomendou uma apresentação gratuita por mês. "A academia de música, por exemplo,
custava R$ 1 milhão por ano
para oito alunos. Não quisemos
pagar", afirma Sayad.
Um conselheiro ouvido pela
Folha afirma que o conselho
não destituiu Neschling. Ele é
quem teria decidido sair, sem
influência da consultoria.
A Folha falou com assessores de Neschling, que disseram
que o maestro preferia se manifestar após ler a reportagem.
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