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Zona franca
Com exposições no exterior, jovens nomes paulistas defendem uma "arte internacional" e comentam o excesso de informação
Carol Guedes/Folha Imagem
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Tatiana Blass, Naiah Mendonça, Henrique Oliveira e Paulo Almeida, em estúdio da galeria Leme
MARIO GIOIA
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
A geração deles ainda não
tem nome, mas ganha corpo
num mercado aquecido, impulsionado pela ascensão da arte
brasileira no exterior, onde
costuma expor e fazer residências cada vez mais freqüentes.
Não se considera parte de um
movimento e tem influência de
contemporâneos como Nuno
Ramos e Adriana Varejão. Esses artistas têm cerca de 30
anos, vivem em tempos de
bombardeio de informação e
acham, acredite, que a crítica
deve ser mais severa.
Os paulistas Henrique Oliveira, 34, Naiah Mendonça, 29,
Paulo Almeida, 30, e Tatiana
Blass, 28, participaram de uma
conversa organizada pela Folha, na tentativa de mapear o
pensamento e a produção dessa
jovem geração. São nomes escolhidos a partir de indicações
de críticos e curadores e da participação em programas de estímulo às artes visuais, como o
"Rumos", do Itaú Cultural, e
dois outros tradicionais projetos dedicados a novos nomes: a
"Temporada de Projetos", no
Paço das Artes, que terá obras
de Oliveira expostas a partir do
dia 8; e o "Programa de Exposições" do Centro Cultural São
Paulo, que exibirá Almeida e
Mendonça em novembro.
A seguir, trechos da conversa
desses jovens nomes da geração paulista com a Folha.
A GERAÇÃO
TATIANA BLASS- Talvez seja uma
característica da nossa geração
ter um acesso inacreditável à
informação e um mercado muito poderoso, que, talvez, nos
anos 80 tenha começado a se
estabelecer e por isso a pintura
tenha se estabelecido. Dá muita
angústia esse excesso, mas
acho que a saída é uma aposta
numa expressão pessoal, num
imaginário próprio.
HENRIQUE OLIVEIRA - Começando
a estudar, gostei mais do Nuno
Ramos; vi um livro dele quando
tinha 23, 24 anos. Gostava de
outros artistas da geração 80, o
que na ECA é uma coisa não tão
bem vista. A referência forte
eram os anos 70, a arte conceitual, tradição nesse sentido.
Procurava seguir outro caminho, gostava dos artistas dos
anos 80 no Brasil, o Daniel Senise, o Ernesto Neto, a Adriana
Varejão, a Beatriz Milhazes, toda essa turma que não era muito querida onde eu estudava.
RELAÇÃO COM MERCADO
BLASS - O fato de você estar
numa galeria oferece mais condições de desenvolver o trabalho. Eu vejo a galeria como uma
parceira, que me permite realizar idéias caras. Para mim, é
muito claro que o mercado é
bom até o ponto em que não interfira. Às vezes, o ritmo aperta
muito mesmo e eu falo: "Desculpa, mas não vou participar
dessa feira". É o artista que tem
de saber como lidar com isso.
NAIAH MENDONÇA - Acho que,
para expor, não tenho problemas -os curadores e críticos
me conhecem, chamam para
coletivas. Já para comercializar
o trabalho, é mais difícil. Aí faz
falta uma galeria. Não sei se é
porque trabalho com vídeo.
OLIVEIRA - Eu tenho de trabalhar muito mais, ir todo dia ao
ateliê. Também tenho uma galeria no Rio e outra nos Estados
Unidos, onde vou participar de
coletiva em outubro, só que não
tem obra. A galeria de São Paulo acaba vendendo tudo.
BRASIL NO EXTERIOR
PAULO ALMEIDA - A arte que nós
quatro produzimos não tem
uma característica marcante
brasileira, é uma arte internacional. As aulas de história da
arte, de crítica, às vezes foram
mais importantes que os próprios outros artistas.
OLIVEIRA - O que acontece é
que às vezes muita gente tem a
mesma idéia em vários lugares
do mundo. Você vai numa feira
e vê vários trabalhos parecidos.
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