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MÔNICA BERGAMO
Greg Salibian/Folha Imagem
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O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que foi pergutado no programa de Hebe Camargo por que nunca fez implante |
"Gracinha!"
"Gracinha!", "Linda!", exclamou a loira ao abraçá-la e agradecer sua presença, num dia em
que, além do governador Geraldo Alckmin, sentaram em seu
sofá a atriz portuguesa Maria
João, o cantor brega Frank
Aguiar e as cantoras Alcione,
Sandra de Sá e Luciana Mello
(que Hebe cismou em chamar
de Luciana de Mello). Nem todos alavancam o Ibope. Quem
liga? No programa de Hebe, a
grande atração é ela mesma.
"Nem sei quem são os convidados. Venho só por causa dela", diz a feirante Perpétua Lopes, 48. De blusa florida, batom
vermelhão e cabelos no tom loiro-Hebe, Perpétua conta que é
solteira, de certa forma, por causa da apresentadora. "Homem
pra casar comigo tem que gostar da Hebe, senão mando passear", diz. Ela é uma das integrantes da "turma das sete", um
grupo de sete mulheres que vai
ao programa da loira há pelo
menos 25 anos. E por
isso tem certas regalias,
como uma van que as
busca na porta de casa e
lugares nas primeiras
fileiras. Perpétua ganhou de Hebe uma cirurgia de redução de estômago. Perdeu 30 kg e
só aumentou sua devoção. "Ela é o máximo.
Amo!"
"Ela me chama pelo
nome, me conhece
mesmo", diz Maria Virgínia de Mozo, 58 anos
de vida, 39 de Hebe e
cabelos também no
tom loiro-Hebe. Maria
vai ao programa com a
mãe, dona Albertina,
88, que se arruma toda
para a ocasião.
Antes de o programa começar, assistentes do SBT dão uma
pequena palestra à platéia, que é
informada sobre o que pode e o
que não pode ser feito durante a
apresentação.
"Por favor, nada de vaias para
o governador", pede a assistente
Patrícia Venâncio. "Sabe o que
é? A gente tem medo de o povo
não respeitar", explica, em voz
baixa, a também produtora
Luana Bertinelli. "Caravanas
animadas têm mais chance de
voltar", avisa às espectadoras a
terceira funcionária da produção, Carla Valéria.
Enquanto ouvem, os integrantes da caravana do Parque Edu
Chaves comem um sanduíche
de queijo com blanquet de peru
que ganharam da produção. Pela presença, cada um recebeu
ainda R$ 3. Um ônibus os buscou num ponto de encontro.
Animação, palmas no momento certo, interação com os
convidados é tudo o que a produção espera do público -95%
formado por mulheres- que
irá lotar as 179 cadeiras impecavelmente brancas do auditório.
Às 22h30, três sinais sonoros
avisam que o show vai começar.
Numa blusa esvoaçante de oncinha, Hebe entra no palco sob
palmas ritmadas. Apresenta os
convidados, fala "gracinha!" pelo menos oito vezes e puxa papo
com o governador.
O auditório segue à risca o que
lhe foi ensinado. Mas, fazer o
quê?, morre de rir quando, num
VT, um anônimo pergunta se
Alckmin nunca tinha pensado
em "usar peruca, fazer um implante, sei lá". Hebe ri com gosto. Alckmin cora. Uma funcionária do programa faz sinal para que o público bata palmas. A
conversa com ele vai se prolongando. Por trás das câmeras, a
produtora executiva Regina
Chaves agita as mãos para que
Hebe dê logo atenção aos outros
convidados. A apresentadora
ignora e continua falando com
Alckmin. Faz um comentário
sobre o atual ministro das Cidades, Olívio Dutra. "Aquele bigodão me dá nervoso. Parece que
tá cheio de arroz embaixo!"
Nos intervalos, o garçom Fred
Cardoso leva água para os convidados e um copinho com suco
de limão e mel para Hebe, bom
para a voz. Depois de dar atenção para todos os entrevistados,
chamar Frank Aguiar de "gostoso", anunciar esponjas, temperos e produtos para o cabelo,
a apresentadora se despede.
"Aaahhh!", fazem muxoxo,
em coro. Hebe atende mais alguns fãs e sai rumo a seu carro,
uma Mercedes prateada com a
placa EBE que fica parada bem
pertinho do estúdio. No caminho, troca as sandálias de saltos
altíssimos que a machucavam
pelo sapato masculino do sobrinho e empresário, Cláudio. Seus
tornozelos, depois de duas horas de movimento e gargalhadas, estão em carne viva.
MICROFONE
"Maluf está uma coisa horrorosa"
Hebe tem opinião formada sobre tudo. E, num
bate-papo sobre política,
não poupou críticas nem
a Paulo Maluf, a quem
apoiou por longos anos.
Folha - O que você acha do
cenário político atual?
Hebe Camargo - Ah, eu tô
um pouco enojada com os
políticos. Quanto mais eles
roubam, mais são inocentes, mais riem da nossa cara. Fico indignada [séria].
Folha - E o Paulo Maluf?
Hebe - O Maluf também
está uma coisa horrorosa. A
gente não se fala mais. Participação política não faço
mais para ninguém. Fazia
para ele porque acreditava.
Agora não acredito mais.
Folha - Do Lula você gosta?
Hebe - Ainda estou esperando. Como disse a Fernanda Montenegro, estou
esperando ele começar.
Porque esses caras do MST
estão se achando no direito
de invadir tudo, até terras
produtivas. Eles estão fazendo isso porque o Lula
sempre liderou esses movimentos, e estão se sentindo
no direito de fazer o que
quiserem. Acho que ele tinha que tomar uma atitude
mais drástica contra os
sem-terra.
@: bergamo@folhasp.com.br
Com Cleo Guimarães (reportagem local) e Lucrecia Zappi
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