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TEATRO
Universo do cientista americano Richard Feynman é contado no Sesc Santo André por grupo que encenou "Einstein"
Físico americano vira estrela brasileira
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dilema filosófico. Uma decisão de vida ou morte. A luta
contra o câncer. O horror da
bomba atômica. A perda da mulher. A catástrofe do ônibus espacial. A burocracia das instituições
e os horizontes limítrofes do ensino tradicional. O fascínio pela decifração das leis da natureza. A
paixão pela mulheres. Carnaval.
Bem-vindo ao inesgotável universo do físico americano Richard
Feynman, apresentado pela nova
produção do Núcleo Arte Ciência
no Palco, em cartaz desde a semana passada no Sesc Santo André.
Criado em 1999, o grupo paulista se especializou na montagem
de espetáculos ligados a temas
científicos. A viagem começou
um ano antes, com a peça "Einstein". O sucesso inspirou a realização de uma série de adaptações
com personagens famosos da
ciência, como Niels Bohr, Werner
Heisenberg e Alan Turing.
"E Agora, Sr. Feynman?", a mais
nova montagem da trupe, segue a
linha das anteriores, mas aposta
num nome que, apesar dos méritos, carece da popularidade de um
Einstein. A essa altura, o grupo já
pode se dar ao luxo de apostar.
"Eu vim à estréia porque havia
visto a montagem de "Einstein",
gostei do trabalho deles e decidi
conferir este", diz Manuel Diniz,
25, médico que foi à estréia da nova peça. "É uma forma interessante de entrar em contato com
idéias que não fazem parte da
nossa formação original."
Voltado principalmente para
professores, formadores de opinião e estudantes, o trabalho do
núcleo já conquistou público cativo. A maioria dos cerca de 250
presentes à estréia já havia visto
algum dos espetáculos do grupo
-em vários casos, mais de um.
"É uma inspiração para os professores", comenta Rúbia Guedes,
39, coordenadora pedagógica de
um cursinho pré-vestibular da
Prefeitura de Santo André. "Eles
saem com novas idéias de como
apresentar os conceitos."
Embora a ciência sirva como fio
condutor, o que faz a peça vencer
é a capacidade de entrar em contato com as maquinações internas
dos personagens. "Não sei se eu
aprendi mais sobre física, mas
certamente o processo contribui
para aprendermos mais sobre o
ser humano", diz Oswaldo Mendes, ator que protagoniza a peça,
dirigida por Sylvio Zilber.
O texto do espetáculo é americano, escrito por Peter Darnell,
adaptado por Mendes e Zilber. "O
que fizemos foi basicamente incluir os pedaços que mencionam
o Brasil", diz Mendes. "Feynman
era louco pelo Brasil, e a peça original passava batido por isso."
De fato, em 1952, o físico americano trabalhou no Rio e chegou a
desfilar no Carnaval carioca.
E essa é apenas uma das muitas
histórias que fazem dele uma figura interessante. Com uma atuação vibrante e fiel ao espírito de
Feynman, Mendes carrega o espetáculo, demolindo a "quarta parede" e levando a platéia do riso às
lágrimas. "E Agora, Sr. Feynman?" é um drama que, a despeito do viés científico, é sobretudo
profundamente humano.
E AGORA, SR. FEYNMAN? Texto: Peter
Parnell. Direção: Sylvio Zilber. Com:
Oswaldo Mendes, Monika Plöger. Onde:
Sesc Santo André (r. Tamarutaca, 302,
tel. 4469-1200). Quando: sáb., 21h; dom.,
19h; até 9/5. Quanto: de R$ 5 a R$ 14.
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