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Filmes mostram Bush "fascista"
DO "LE MONDE"
Discípula de Michael Moore, a
norte-americana Christine Rose
não esconde seus objetivos: "Os
cidadãos dos Estados Unidos não
sabem o que está acontecendo em
seu país. Fazer o filme era meu dever como cidadã".
Ela assina, com "Liberty
Bound" ["Rumo à liberdade",
mas também "Liberdade agrilhoada"], um violento panfleto
em que análises apresentadas por
especialistas se alternam com documentos autênticos, montagens
de imagens de arquivo e depoimentos acusadores. Certos elementos de sua denúncia das manipulações e falsidades do governo Bush se assemelham ao trabalho de Moore, mas o que ela está
tentando demonstrar é o avanço
do fascismo nos EUA.
Dois levantamentos embasam o
seu propósito. O primeiro envolve cidadãos norte-americanos
que foram alvo de interrogatórios, detenção e prisão por defenderem propostas anti-Bush.
Esses exemplos de violação das
liberdades civis são seguidos de
comparação entre Bush e Hitler.
Acompanhada pelo historiador
Howard Zinn, Rose apresenta paralelos entre os métodos dos dois
"ditadores". Se Bush, ao enumerar os males do século em um discurso de 2003, fala do hitlerismo,
do comunismo e do militarismo
mas não ousa pronunciar a palavra "fascista", "isso indica que seja um deles", diz a diretora.
A proposta do francês William
Karel, enriquecida pelo trabalho
do ensaísta Eric Laurent, é igualmente radical. Seu documentário
"Le Monde Selon Bush" [O mundo segundo Bush] começa com
um monólogo de Norman Mailer:
"Bush é o pior presidente da história dos Estados Unidos. É ignorante, arrogante, estúpido..."
Com base em testemunhos rigorosos e em uma demonstração
exaustiva, o filme oferece, acima
de tudo, chaves para a compreensão dos mil dias de Presidência de
Bush, dos atentados de 11 de setembro à guerra no Iraque.
"O fascismo não passa de um
processo de deterioração da democracia", lastima Norman Mailer, entre as dezenas de outros
analistas que falam em "porcos",
"máfia" e "prostitutas dos sauditas". São declarações inquietantes
que o diretor obtém sem expressar julgamento ou tomar partido,
mesmo que sua opinião não esteja em dúvida. Se Michael Moore
merece uma Palma de Ouro, William Karel merece três.
(JEAN-LUC DOUIN)
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