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Crítica
História de amor e citações valem o filme
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de propagandear
seu amor pelos carros
(no desenho homônimo), eis que a Pixar faz uma espécie de mea-culpa e apresenta
o seu "Uma Verdade Inconveniente", disfarçado de ficção
científica de robôs.
É "Wall-E", que conta a história do robô-gari do título, o
último habitante do grande lixão que virou a Terra num futuro distante, enquanto a humanidade vive no espaço, preguiçosa ao ponto da imobilidade, consumindo irracionalmente, subordinada às máquinas que pensa controlar.
É o tipo de coisa que poderia
ser enfadonha (e, em alguns
trechos, é mesmo), mas "Wall-E" é também uma rara história
de amor em animação e uma
homenagem aos filmes mudos
-e é aí que se sai bem.
O robozinho antiquado, triste e desengonçado, com cara e
jeito do ET de Spielberg, tem
como única companhia uma
barata (o estúdio, aparentemente, pegou gosto pelos bichos de esgoto) e seu VHS de
"Hello, Dolly!" até a chegada de
Eva, a máquina moderna que
dispara a paixão em Wall-E e a
ação no desenho.
Como sempre nas animações
do estúdio, é possível escrever
uma enciclopédia só com as referências e citações que pipocam na tela -de "Star Wars" a
"2001", dos Jetsons a "Alien" (a
voz do computador da nave espacial é de Sigourney Weaver),
da Atari à Apple (a robô Eva é,
claramente, um Mac).
Que a Pixar consiga emocionar a platéia usando a restrita
expressividade dos robôs é
mais uma prova de talento seu
e da equipe de som do filme.
Quanto às contradições -como o discurso anticonsumista,
que não podia ser mais hipócrita, vindo de uma subsidiária da
Disney-, elas são problema da
empresa, não da obra.
WALL-E
Produção: EUA, 2008
Direção: Andrew Stanton
Quando: estréia amanhã nos cines Eldorado, Pátio Higienópolis e circuito;
classificação: livre
Avaliação: bom
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