São Paulo, sábado, 26 de julho de 2008

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Artes plásticas

Série mostra Caravaggio pasteurizado

DA REPORTAGEM LOCAL

Caravaggio (1571-1610) cheirava cadáveres para pintar a morte. Foi ridicularizado por suas folhas secas e frutas podres. Fechava as janelas para criar na penumbra: inventou o chiaroscuro, jogo de luz e sombra que definiu o barroco. Na primeira parte da minissérie "Caravaggio", que estréia amanhã no MGM, isso tudo ganha um tratamento pasteurizado, com atores que posam estáticos em cena como os modelos do pintor apareceram nas telas. É verdade que escalando o oscarizado Vittorio Storaro para a fotografia, produtores tentaram levar a luz de Caravaggio à TV, mas o resultado foi o tom amarelado que causa mais enjôo do que deslumbramento. A cenografia, mesmo com externas gravadas em Roma e na Sicília, transforma a Itália agreste às voltas com epidemias -a vida que roçava todos os dias a morte não podia deixar de ser o leitmotiv mais potente do barroco- numa espécie de Disneylândia brutal. São realistas, mas sintéticas demais as cenas de decapitação das prostitutas, além das de sexo que esbarram no "soft porn" -e isso é um problema, já que a notória vida sexual do artista, com homens e mulheres, poderia render melhor tratamento cênico.
(SILAS MARTÍ)

CARAVAGGIO
Quando: estréia amanhã, às 22h
Onde: no MGM
Classificação indicativa: não informada



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