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FILMES DE HOJE
TV PAGA
Valores corrompidos constroem "O Invasor"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O invasor de "O Invasor" é
um personagem que nos é
bem familiar: o penetra, aquele
que vai aonde não foi chamado.
O personagem concebido por
Marçal Aquino, roteirista, e Beto
Brant, diretor deste filme, tem essa característica. Alguém que não
sabe o seu lugar, pois, sendo um
matador, portanto pau-mandado, decide participar das benesses
do mundo de seus senhores.
Pode-se imaginar que o Brasil
viraria o caos caso esse personagem saísse da ficção para a vida
real. Todos os jagunços do país resolveriam invadir a casa-grande,
ignorando a divisão de trabalho
que os relega à condição de não
dito: são os caras que fazem o trabalho sujo, que acabam condenados pela Justiça, cujo nome não é
pronunciado nas reuniões familiares. Mas são um pilar de nossa
sociedade (ou de nosso atraso, como se preferir).
Bem, pois é essa situação anárquica que "O Invasor" cria, não
sem humor, na pessoa do matador Paulo Miklos. O motivo pelo
qual Alexandre Borges e Marco
Ricca o contratam é ignóbil: querem evitar que um sócio continue
a impedi-los de se dedicar a falcatruas. O honesto não é apenas um
incômodo, é alguém que deve ser
eliminado.
É inútil dizer que estamos diante de um filme moralista, assoberbado com a perda não só de valores como até mesmo de parâmetros. Pois se do ponto de vista de
Borges e Ricca existe uma questão
de valor, do ponto de vista de Miklos, o invasor, o problema é de
ausência de parâmetro.
Já sabemos, em linhas gerais,
que sem valores conseguimos viver, desde que haja pedra para
construir muros altos. A falta de
limite, sua decorrência, pode ser
um problema mais complicado:
não há muros que possam contê-la. Basta aos matadores e similares descobrir que são iguais a seus
senhores em muito mais pontos
do que estes gostariam de admitir.
O INVASOR. Quando: hoje, às 22h, no
Cinemax.
TV ABERTA
Conflito vira patologia em "Três Máscaras de Eva"
Independence Day
Globo, 12h50.
(Independence Day). EUA, 96, min.
Direção: Roland Emmerich. Com Jeff
Goldblum, Bill Pullman, Will Smith. No
dia 4 de julho, o Dia da Independência
nos EUA, alienígenas invadem a Terra,
explodem a Casa Branca, pintam e
bordam. Filme paranóico cuja
importância maior consiste em ter
adivinhado, de certa forma, o 11 de
Setembro e sua destruição. O pasmo dos
figurantes é igual ao das pessoas do
episódio real. Aliens são os árabes, no
caso. Mas podemos ser nós, cucarachos,
conforme a conveniência. Quem acha
que deve se divertir com isso, bem: vai
fundo.
Tico-Tico no Fubá
Cultura, 15h30.
Brasil, 50, 95 min. Direção: Adolfo Celi.
Com Anselmo Duarte, Tônia Carrero,
Marisa Prado. Biografia do compositor
Zequinha de Abreu (Duarte), de "Tico-Tico no Fubá", tendo como apoio sua
vida amorosa, dividida entre sua mulher
(Prado) e sua paixão (Carrero). Produção
suntuosa da Vera Cruz, com elenco "all
star" (na época), prejudicado pelos
defeitos crônicos da companhia: roteiro
fraco, direção frouxa, diálogos péssimos.
Ainda assim, merece ser visto ao menos
uma vez na vida. P&B.
Mr. Bean - O Filme
Record, 18h45.
(Mr. Bean - The Movie). Inglaterra, 97, 89
min. Direção: Mel Smith. Com Rowan
Atkinson, Burt Reynolds. Mr. Bean,
famoso tipo da TV britânica, passa ao
cinema na condição de funcionário de
uma galeria de arte que vai aos EUA
cuidar de uma importante transação. E
apronta, claro. Mas o personagem no
cinema não tem lá grande vigor.
A Hora do Rush
SBT, 22h.
(Rush Hour). EUA, 98, 97 min. Direção:
Brett Ratner. Com Jackie Chan, Chris
Tucker, Elizabeth Pena. O detetive Jackie
Chan vai para os EUA, a fim de resolver
caso de sequestro de filha de um
diplomata chinês. Para seu parceiro, a
polícia designa um detetive atrapalhado.
À moda de Chan, humor e artes marciais.
Duplo Impacto
Globo, 23h15.
(Double Impact). EUA, 91, 109 min.
Direção: Sheldon Lettich. Com Jean-Claude van Damme, Geoffrey Lewis. "Os
Irmãos Corsos", versão Van Damme.
Aqui, bebês gêmeos separados após a
morte dos pais (por gângsteres)
reencontram-se adultos e fortinhos.
Objetivo: vingança.
As Três Máscaras de Eva
Bandeirantes, 0h.
(The Three Faces of Eve). EUA, 57, 95 min.
Direção: Nunnally Johnson. Com Joanne
Woodward, David Wayne, Lee J. Cobb.
Um caso de tripla personalidade: os
distúrbios emocionais da dona-de-casa
Woodward levam-na ao psiquiatra,
Cobb, que tenta se entender com as
múltiplas personalidades que ela revela
e as vidas diferentes que leva. Bem à
americana, o que é conflitivo numa
personalidade tende a ser visto como
patologia. Mas há momentos de
interesse a não desprezar, e o filme de
Johnson (sobretudo um grande
roteirista) deu a Woodward o Oscar de
melhor atriz. P&B. Legendado.
(IA)
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