|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TELEVISÃO
Emissora cria grupo interno para estudar as transformações que a levarão à era da interatividade com o público
Globo quer mudar sua forma de fazer TV
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DO RIO
A Globo não tem mais programas de TV: ela tem, agora, "media
products", ou produtos de mídia
-que têm de ser feitos não só para a televisão, mas para a internet,
internet banda larga, celular etc.
A afirmação é de Juarez Queiroz, coordenador do grupo de diretores da emissora responsável
por pensar as transformações que
levarão a Globo à era da televisão
interativa. Diretor-geral da Globo.com -que recentemente foi
incorporada pela TV- e da Globo Filmes, ele diz que a Globo está
passando por uma "revolução
criativa": "O grande desafio que
temos é transformar um programa como a novela em um produto interativo".
Por interativo, leia-se não apenas uma atração na qual é possível, por exemplo, votar no final ou
escolher o filme preferido pelo telefone ou via internet. A nova ordem na emissora é fazer o telespectador ter uma relação com os
programas que ultrapasse o ato de
sentar no sofá e assisti-los.
Em comunicado interno há algumas semanas, a diretora-geral
da Globo, Marluce Dias da Silva
-que ficara afastada por motivo
de saúde-, disse que seu principal projeto ao voltar à emissora é
justamente o da distribuição de
conteúdo por novas mídias.
"O consumidor quer ter uma
relação de participação. Isso implica algumas modificações na
TV Globo. É preciso pensar e conceber o produto para que ele possa trafegar em diferentes mídias",
diz Queiroz. Para isso, ele coordena um grupo formado pelos responsáveis por cada departamento
da Globo, além da própria Marluce. A missão é repensar o modo
como se faz televisão.
O principal exemplo desse modelo de "produto" foi o "Big Brother Brasil". Além de assistir ao
"reality show" pela TV, o telespectador podia votar, acompanhar o
site, comprar o "pay-per-view"
para assistir 24 horas por dia etc.
Mas só a interatividade não basta. "O Jogo", "reality show" sobre
a investigação de um crime fictício, tem todos esses elementos e é
um fracasso de audiência -costuma ter médias de 14 pontos no
Ibope . "Estamos num processo
de aprender. Não adianta ter interatividade, o produto original tem
de ser atrativo para o consumidor", afirma Queiroz.
Estratégia
Preparando-se para um futuro
com a TV digital -em que há
uma fusão entre televisão e internet-, um dos principais investimentos da Globo é a distribuição
de seus programas via internet
banda larga.
"Estamos trabalhando no desenvolvimento da TV interativa, e
a banda larga permite trabalhar
esse conceito. A internet abriu a
primeira janela no sentido de
construir essa TV. A grande questão é saber utilizar a programação
de TV adaptada para a banda larga", explica Queiroz.
Segundo ele, o que menos importa é saber em que equipamento se dará a convergência entre a
televisão e a internet. "Qualquer
que seja o desenho, é preciso ter
um processo de desenvolvimento
de produto e um de mudança de
hábito do telespectador", diz.
Há cerca de um mês, o ministro
das Comunicações, Miro Teixeira, colocou em consulta pública a
minuta de decreto com o modelo
brasileiro para a TV digital. Há
anos existe uma disputa entre os
defensores dos sistemas japonês,
americano e europeu para a escolha de um padrão para o país.
A Globo sempre defendeu o padrão japonês, pela possibilidade
de transmissão móvel, como TV
em celulares e carros.
Texto Anterior: Maitena Próximo Texto: Saiba mais: TV digital deve fazer conexão com internet Índice
|