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Mônica Bergamo
bergamo@folhasp.com.br
Gilberto Tadday/Folha Imagem
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Leandro Carvalho dá aulas de "levantamento brasileiro de bumbum" em acadêmia de Nova York
Gigante pela própria natureza
De xampu a sorbet da Häagen Dazs, os produtos à base da fruta brasileira açaí renderam nos EUA US$66 milhões em 2007, o triplo do ano anterior. As sandálias de borracha são hit há quatro versões. Mas a commodity nacional que mais ascende no país é outra. Chegou a hora de o bumbum (ou "brazilian butt") ganhar a América
Por Daniel Bergamasco, de Nova York
Nos Estados Unidos, "Brazilian Butt" já é nome patenteado
de cirurgia plástica, aula de
ginástica e lingerie com enchimento, tudo no mercado há
cerca de três anos, com diferentes proprietários. Em breve, a
"marca" estará impressa em
rótulos de barrinhas de cereal,
milk-shake emagrecedor, aparelho tonificador de glúteos e
DVD de exercícios, que será
anunciado em um comercial de
televisão que imitará um reality show de emagrecimento.
O personal trainer mineiro
Leandro Carvalho, 40, será o
apresentar desse DVD de ginástica, a ser batizado com o
nome de uma aula de academia
que patenteou, a Brazilian Butt
Lift, algo como "levantamento
brasileiro de bumbum". "Para
promover o produto, vamos
gravar um desafio: tenho de
três a quatro meses para fazer
60 americanas e americanos
perderem pelo menos dez libras (4,53 quilos) e melhorarem o bumbum, deixando durinho como o dos brasileiros",
explica. Ele vai embolsar um
percentual da venda dos vídeos
e já recebeu US$ 25 mil da empresa de televendas P9OX
(também dona da barrinha e do
shake) pelos direitos da aula.
Desde que lançou em Manhattan a aula que promete
abrasileirar o "derrière" das
americanas, Leandro já apareceu em publicações como a revista "Time Out" e o jornal
"The New York Times". A revista "Star" o chama de "butt
master" ("mestre do bumbum"). Sua aulas são freqüentadas por modelos da grife Victoria's Secret, como Alessandra
Ambrósio e Fernanda Motta.
"No Brasil, o bumbum sempre
foi um músculo prioritário. Se
na América está ganhando espaço, é por causa das modelos
brasileiras e eu treino muitas
delas", diz ele, que nunca ouviu
falar na Mulher Melancia. "Se
você for ver bem, as modelos
européias têm um corpo muito
melhor, mas as brasileiras aparecem mais porque sabem ser
sensuais."
A aula de Leandro é embalada por remixes de canções brasileiras, de Ivete Sangalo a Chico Buarque, e mistura exercícios calistênicos (feitos com o
peso do próprio corpo, como
agachamento e avanço), balé
clássico e capoeira. "Todo capoeirista tem bumbum bonito,
durinho. E o balé deixa as pernas lindas, alongadas", conta o
professor, que cobra US$ 200
por hora de aula particular.
"Quase todas as clientes para
quem faço personal são modelos. Elas não têm problemas para emagrecer, mas às vezes precisam perder aquela "baby fat"
[gordurinha] que as brasileiras
têm nas laterais dos quadris."
Uma solução ainda mais cara, de alguns milhares de dólares, para empinar o bumbum é
proposta pelo cirurgião plástico americano Anthony Griffin.
Astro do reality show "Extreme
Makeover", no qual participantes se submetem a mudanças
profundas na aparência, Griffin
patenteou a cirurgia também
com o nome de Brazilian Butt
Lift, que consiste em aumentar
e remodelar os glúteos com
gordura da própria paciente,
retirada do abdômen, por
exemplo.
Desde que registrou a marca,
Griffin já colocou no mercado
mais de mil bumbuns "brasileiros", mas afirma que faz restrições em alguns casos. "Um paciente bem idoso me trouxe a
namorada de 60 anos e um
anúncio de Viagra que mostrava mulheres de biquíni. Ele me
pediu para deixar a mulher
igual as modelos, mas expliquei
que não tinha jeito."
O nome da operação plástica
acabou se espalhando pelo país
e é usado por muitos outros
médicos. "Me copiam, mas eu
não ligo, não acho ético cobrar
royalties. Se eu descobrisse a
cura do câncer, também não
guardaria o segredo só pra
mim", diz Griffin, que conta
que sua técnica não é inspirada
em nenhuma brasileira em especial. "Não tenho por que
mentir: eu peguei a idéia de cirurgiões brasileiros que conheci em congressos e redesenhei
os instrumentos para a cirurgia
ficar mais rápida. Mas o nome
pegou porque remete à imagem
do Brasil, biquíni, Ipanema e à
sensualidade da brasileira.
Ainda assim, diz ele, os bumbuns mais copiados pelas pacientes são americanos. As cantoras Jennifer Lopez e Beyoncé
são as campeãs de pedidos da
clientela. Já as formas tupiniquins serviram de inspiração
para as calcinhas com enchimento de silicone chamadas
Brazilian Butt Enhancer (enaltecedor brasileiro de bumbum)
ou Padded Panties Brasilero
(sic) (calcinha com enchimento), que custam na casa dos US$
25. Segundo a fabricante, Pauline Rous, a inspiração da forma
foi genuinamente nacional.
"Quando tive a idéia do enaltecedor de bumbum, eu tinha na
cabeça um deles, perfeito, que
vi na academia enquanto estava malhando, de uma garota
brasileira maravilhosa", diz ela,
que depois contratou modelos
do Brasil para fazer moldes em
várias proporções.
A lingerie está disponível nos
tamanhos P, M, G e extragrande. Há ainda a versão masculina, que, além do silicone traseiro, também tem enchimento
para a frente do corpo.
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