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Outra volta aos anos 80
Caixa reúne discos e
vídeos do RPM ,
fenômeno pop que
caiu tão rápido
quanto subiu; e
Simony , aos
32 anos, regrava os
sucessos infantis
do Balão Mágico
"Mudaria
até as cores dos paletós", diz Paulo Ricardo
JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Há 25 anos, Paulo Ricardo
Moreira voltava de uma temporada em Londres cheio de
idéias e ambições. Mas, nem
em seu sonho mais delirante,
poderia imaginar que a banda
que formaria imediatamente a
seguir com o ex-companheiro
de audições de rock progressivo Luiz Schiavon se tornaria,
em pouco tempo, o maior fenômeno pop rock do Brasil.
A meteórica ascensão e queda do RPM aparece agora na luxuosa caixa "Revolução! RPM
25 Anos". Ela traz os três discos
lançados pelo grupo nos anos
80: "Revoluções por Minuto"
(500 mil cópias vendidas, de
1985), "Rádio Pirata Ao Vivo"
(2,5 milhões de cópias, de 1986)
e "RPM", mais conhecido como
"Quatro Coiotes" (200 mil, de
1988). Há também um CD com
remixes e faixas lançadas em
singles (como as parcerias com
Milton Nascimento e uma cover de "Gita", de Raul Seixas, já
dos anos 90) e um DVD com o
conteúdo do VHS "Rádio Pirata", mais um "Globo Repórter"
sobre o quarteto, performances
no programa "Mixto Quente",
um playbackão no "Cassino do
Chacrinha" e uma entrevista
feita perto do ocaso.
De longe, o DVD é o item
mais curioso do pacote, pois a
história do sucesso de Paulo Ricardo, Luiz Schiavon, Fernando Deluqui e P.A. Pagni é muito
mais interessante do que as
músicas que eles registraram.
No "Globo Repórter", um esbelto e compenetrado Pedro
Bial acompanha o grupo em
turnê no auge da fama. Conversa com fãs, vai surfar com Deluqui e tenta decifrar o que motivava tamanha histeria.
Analisando hoje tudo o que
aconteceu, Paulo Ricardo mostra ainda não ter muitas certezas. "Do alto da maturidade que
adquiri ao longo desses anos,
posso dizer que não entendo
porra nenhuma. Esse negócio
de RPM é muito complicado."
Mas ele sabe que alguns fatores possibilitaram o turbilhão.
"O Brasil estava mudando muito. A minha geração tinha vários problemas por ter crescido
sob a ditadura militar. E tanto
eu quanto o Herbert [Vianna] e
o Lulu [Santos] éramos filhos
de gente ligada ao regime. Por
um capricho histórico, a anistia
explodiu junto com o punk, que
recuperava o espírito original
do rock e era uma linguagem
muito adequada para o que
queríamos dizer", teoriza.
Arrependimento
Na época, o vocalista e baixista era influenciado por The Police, Duran Duran, Joy Division
e Bauhaus. Hoje, cita Radiohead e Coldplay como bandas
favoritas, além de Amy Winehouse. E revela que teve seus
momentos The Killers e The
Strokes. "Strokes é muito "Louras Geladas, muito "Rádio Pirata'", afirma ele.
O grande arrependimento de
Paulo Ricardo é não ter conseguido dar ao RPM uma carreira
longeva. "Quer dizer, essa é a
mãe de todos os arrependimentos. Se eu pudesse reeditar a
história do RPM, passaria pelo
menos uma semana enfurnado
numa ilha de edição. Mudaria
até as cores dos meus paletós."
O grupo se apresentou neste
mês no "Domingão do Faustão", mas ele nega que seja mais
uma volta do RPM. Os quatro
músicos só se reuniram para
dar à caixa um lançamento digno, diz. Não há planos de turnê,
disco de inéditas nem expectativa por vendas astronômicas.
A tiragem é de só 3.000 cópias.
REVOLUÇÃO! RPM 25 ANOS
Artista: RPM
Gravadora: Sony BMG
Quanto: R$ 80, em média
"Pimpão" é cantado com a filha; "Mãe-Iê", com o filho
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Tob, Mike e Jair Oliveira (ex-Jairzinho) não querem voar
novamente e cantar alegremente mais uma canção.
Simony, agora com 32 anos,
cismou de regravar "Super
Fantástico" e outros sucessos
do Balão Mágico, formado
quando ela tinha apenas seis.
O disco, "Simony Superfantástica", chega nesta semana às
lojas. Ela diz que convidou os
ex-parceiros do grupo, fenômeno dos anos 80, com cinco LPs e
mais de 10 milhões de cópias
vendidas. "Os meninos não
querem. Um está morando na
Inglaterra [Mike], outro, fazendo teatro [Tob], o Jair faz produção, toca e não está a fim de
voltar. Mas quero reviver isso."
No CD, canta, além de "Super
Fantástico", hits como "Ai Meu
Nariz!" e "Se Enamora". "Ursinho Pimpão" divide com Aysha
(pronuncia-se aíxa), de cinco
anos, e "Mãe-Iê" com Ryan
(riã), de sete, filhos que teve
com o rapper Afro-X -ela ainda teve Pyetra, dois anos, com o
jogador Diego Souza, do Palmeiras, e agora está de casamento marcado com o ator
Marcelo Batista.
Conta ter decidido regravar o
Balão Mágico quando participou de um desses shows de revival dos anos 80, em Fortaleza.
"Achava que não ia ter ninguém, e tinha 8.000 pessoas,
gente chorando quando cantei
"Ursinho Pimpão". O Balão é
muito maior do que pensava."
Começou a mostrar vídeos e
discos do grupo para os filhos.
"As crianças acharam o máááximo, só queriam músicas do
Balão. Aí pensei: "Interessante,
esse é um mercado que não foi
tão explorado como deveria"."
Simony recebe a Folha em
sua casa, em um daqueles condomínios de luxo de Alphaville
(Grande São Paulo). O imóvel
foi comprado por sua mãe, Maricleuza, há 25 anos, com dinheiro do Balão, e desde então
a cantora mora lá. Foi uma grana que mudou a vida da família
humilde da Cohab, na periferia
da zona leste de São Paulo.
Antes do Balão, eles sobreviviam com um pequeno circo do
avô da cantora. Tudo começou
quando Simony tinha três anos
e, segundo Maricleuza, pediu
para ser artista como a mãe,
que era trapezista e cantora.
Foi parar no programa do Raul
Gil e acabou descoberta por um
diretor da antiga gravadora
CBS, hoje Sony. Ele já tinha
dois garotos, Tob e Mike, e queria uma menina para fechar o
conjunto infantil. Aos 4 anos,
estava com o primeiro contrato; aos 5, lançou o primeiro LP.
Estouro
Com "A Galinha Magricela",
o disco vendeu um milhão de
cópias. A Globo a chamou para
apresentar um programa matutino. "Balão Mágico" estreou
em 1983 e foi um estouro de audiência até sair do ar, três anos
depois.
"Foi ela gravar a primeira
chamada, dentro daquele cesto
de balão, e no dia seguinte já virou um tumulto na escola",
conta Maricleuza, 57. Nesta
época, já bem de vida graças ao
grupo, a menina morava em Higienópolis e estudava no Rio
Branco. "Eu lembro que não
podia mais sair no intervalo, tinha que comer escondida no
banheiro", diz Simony, que foi
para um colégio menor.
Em 1986, quando a Globo
propôs que Simony fosse gravar no Rio e dividisse o programa com a Xuxa, ela disse não.
Era o início de uma nova era.
Que também já acabou.
SIMONY SUPERFANTÁSTICA
Gravadora: JT Records
Quanto: R$ 21,90
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