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Crítica
Fincher faz de "Zodíaco" um filme moderno
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
A horas tantas de "Zodíaco"
(HBO, 19h15; não recomendado para menores de 14 anos), o
inspector Toschi (Mark Ruffalo) vai ao cinema para assistir a
"Perseguidor Implacável", o filme de Don Siegel criado a partir do próprio Toschi e de sua
luta para pegar o mesmo "serial
killer" de "Zodíaco".
Por um lado, é muito irônico:
em "Perseguidor Implacável",
tudo se resolve, enquanto em
"Zodíaco" o investigador está
às cegas em sua busca. Ao mesmo tempo, a solução é informativa: o filme de Siegel é de 1971
e, quando é feito, Toschi está
há muito tempo atrás do assassino. Muitos anos passarão antes que o filme chegue ao final.
Por outro lado, David Fincher afirma aqui toda a diferença entre um filme clássico, o
de Siegel, e um moderno, o seu.
Em "Perseguidor", o mistério
se encaminha para a dissolução: deve ser esclarecido para
que a ordem seja reinstaurada.
Em "Zodíaco", ao contrário,
todo o tempo nos perguntamos
o que será do mistério e das
pessoas envolvidas, como o repórter (Robert Downey Jr.),
que se consome à medida que o
mistério evolui.
"Zodíaco" seria um bom filme em qualquer circunstância.
A atual, com as idas e vindas do
caso Daniel Dantas, nos lembra
como entre verdades evidentes
e mistérios insondáveis a distância pode ser curta. Eu já havia visto alguns filmes de Fincher, talvez não tenha entendido o que ele queria ou agora ele
foi mais claro. "Zodíaco" me
pareceu impressionante.
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