São Paulo, quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

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"Meu senso de humor é uma arma", diz Gervais

Ator britânico fala sobre "This Side of the Truth", primeiro filme que irá dirigir, e que começa a ser rodado em 2008

Comediante diz que não se vê como um ator, mas um escritor acima de tudo; ele fala sobre a dificuldade de apenas interpretar

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Exibido amanhã no Reino Unido, o último episódio de "Extras" trouxe um Ricky Gervais ácido, esculhambando as celebridades em uma dura -mas não menos hilariante- análise da televisão atual. "De certa forma, encaro meu senso de humor como uma espécie de arma. Minha comédia nasce de meu desejo de desabafar, de subverter o próprio meio em que circulo", disse Gervais à Folha, em uma conversa que contou com outros jornalistas, no estúdio onde filma "Ghost Town". Leia a seguir os principais trechos:

Comando
Não ter o controle do que eu vou falar, não ter escrito o roteiro do filme, não estar dirigindo, é duro pacas! É barra-pesada para mim não estar no comando, não poder dizer às pessoas o que fazer.

Futuro
Não me vejo como um ator, desses que a gente contrata para fazer um filme. É muito, muito difícil, eu embarcar em um projeto que não seja o meu, sabe? Quando penso em mim profissionalmente, me vejo como um escritor acima de tudo. Um roteirista, um escritor, um cara da caneta e do papel, sabe? Depois vem o diretor e o ator, nessa ordem.

"The Office"
Gosto muito da versão norte-americana de "The Office". Steve Carrell é sensacional e o personagem é dele, uma outra coisa. "The Office" era um projeto caseiro, mínimo. Nossa pretensão era a de levar para a TV algo que não havia sido tentado antes na Inglaterra. Até resistimos ao fato de sermos aprovados por um canal grande [a BBC], porque temíamos não ter a liberdade para fazer tudo o que pretendíamos. E, ironicamente, ele se transformou neste imenso produto.

Estréia na direção
No ano que vem dirijo meu primeiro filme, "This Side of the Truth". Vai ser passado em uma destas Springfields da vida. Nesta cidade, por uma questão genética, ninguém mente, é um mundo de honestidade completa e absoluta. Mas meu personagem descobre, para horror próprio, que, por conta de uma mutação, ele agora é capaz de mentir.
E isso o transforma em um super-homem! Ele se sente invencível e claro, passa por poucas e boas até aprender algumas lições de vida.

Processo de criação
Com "The Office" e "Extras", o processo de criação foi bem parecido. Eu e Stephen (Merchant) nos reunimos e fomos guardando tudo num gravador. Depois ouvimos de novo, fizemos anotações. Foi assim também quando fomos convidados para escrever um episódio de "Os Simpsons" (em que seu personagem faz uma famosa serenata para Marge).

Estrela de Hollywood
Fala-se muito nesse mito de fazer o protagonista de um filme. Mas aqui eu não faço um típico mocinho de filme de ação ou tento parecer mais novo do que sou. Estou apenas fazendo comédia e encarnando um idiota. O que, modéstia à parte, eu faço bem pacas, né?
(EDUARDO GRAÇA)


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