São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 2011

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João Ubaldo é personagem recorrente na biografia

Amigo de Glauber, escritor foi valiosa fonte de informação para a pesquisa

Também citado no livro, Caetano teve romance com irmã do cineasta e testemunhou acessos de ciúmes dele

DE SÃO PAULO

Amigo de Glauber Rocha desde a adolescência, quando estudaram no Colégio Central, em Salvador, o escritor João Ubaldo Ribeiro, 70, é figura fácil nas páginas de "A Primavera do Dragão".
Ubaldo se encantaria por Helena Ignez, que não lhe deu bola e se tornou a primeira mulher de Glauber. Cursaram a mesma faculdade de direito, época em que tramaram o fuzilamento do então governador Juracy Magalhães. Ubaldo, à revelia, foi escalado como atirador -o plano, claro, não vingou.
Editaram a revista do centro acadêmico, trabalharam no "Jornal da Bahia" (Glauber como repórter policial). Um dos poucos nominados nos agradecimentos ao fim do livro ("pela generosidade e paciência", assim como Cacá Diegues e Nelson Pereira dos Santos), o autor de "Viva o Povo Brasileiro" foi mais do que uma valiosa fonte de informação para Motta.
Segundo o autor, Ubaldo contou seus causos com Glauber "imitando à perfeição a sua voz e o seu jeito de falar". Uma vantagem adicional: "Como ele é escritor profissional, me dava as respostas já editadas. A água já vem engarrafada da fonte dele". Consultado pela Folha, Ubaldo disse que leu "grande parte do livro do Nelsinho" e acha que ele "se saiu bem".
"Basicamente é aquilo mesmo, com talvez um detalhezinho ou outro, sem importância, diferente do que eu lembrava", contou. "Glauber foi um dos grandes e mais importantes amigos de minha vida -e eu estava em Portugal quando ele se despediu. Fomos ligados até o fim", disse o escritor.
Entre tantas, outra personalidade atual que aparece no livro é Caetano Veloso. Desde jovem, o músico admirava Glauber, mas, pelo relato do livro, o cineasta "apenas estendia sua mão mole, e não o reconhecia". Até que Caetano teve um caso com uma irmã de Glauber, Necy, e conheceu a porção ciumenta do diretor quando ele flagrou o casal enquanto o marido dela viajava (leia trecho nesta página).
O machismo de Glauber, aliás, é um raro traço negativo de sua personalidade a despontar no livro. "Ali tem tudo de melhor e de pior que consegui saber sobre ele, e não tem julgamento. Glauber era mesmo contraditório: um anarquista, mas um primitivo com as mulheres, possessivo", afirma Motta.
(FABIO VICTOR)


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