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Michael Stipe, voz do REM, vem a SP com o namorado
Músico não deu entrevistas, mas em festa na cidade falou um pouco do novo disco e muito sobre política
Stipe visitou a Bienal de SP e tem um retrato feito por seu namorado, Thomas Dozol, em mostra que abriu ontem
SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
Michael Stipe, o vocalista
da banda REM, veio a São
Paulo nesta semana acompanhar o namorado, o fotógrafo
Thomas Dozol, que abriu ontem exposição de retratos numa galeria da Vila Madalena.
Ele não deu entrevistas,
mas teve uma conversa informal com a reportagem numa
festa anteontem no clube
Lion's, no centro da cidade.
Deu poucos detalhes sobre
o novo disco de sua banda,
"Collapse Into Now", com
lançamento previsto para fevereiro do ano que vem.
"Passamos dois anos trabalhando nisso e por enquanto só mostrei algumas
faixas a amigos, não vazou
nada", disse Stipe, que tomou três cervejas. "Estou
muito orgulhoso do disco."
Mas vazaram, por enquanto, detalhes dos bastidores
do novo trabalho. Peter
Buck, guitarrista do REM,
deu entrevistas dizendo que
se recusava a tocar uma música mais de três vezes nas
gravações. Um dos critérios
de seleção de faixas para o álbum seria a execução perfeita nas primeiras tentativas.
Isolado em estúdios em
Berlim e Nashville para gravar o novo trabalho, Stipe diz
que anda sem tempo para
ouvir músicas novas. Desconhecia o fenômeno Best
Coast, banda californiana
que despontou neste ano, e
mostrou na tela do iPhone
bandas da sua playlist.
Diz que gosta de Snow Patrol, porque seu baixista faz
turnê com a banda, e que tem
ouvido muito Grizzly Bear,
The XX, The Knife e The National, todas da cena indie.
CAVALO BRANCO
Mas se Stipe anda desatento à música, vem acompanhando com fervor os debates políticos em torno das
eleições legislativas nos Estados Unidos, que acontecem
na terça da semana que vem.
"Tem candidatos ao Congresso que me fazem ver absurdos no meu país", disse
Stipe, que defende o governo
do democrata Barack Obama. "Há retrocessos como
não querer agora que crianças tenham aulas com gays."
Stipe, que é filho de um militar e se assumiu bissexual
em 1994, também comentou
a polêmica em torno da aceitação de gays nas Forças Armadas dos Estados Unidos.
"Não tenho nenhum desejo flamejante de estar no
Exército", disse Stipe, que
quando jovem viveu em Fort
Hood, no Texas, uma das
maiores bases militares dos
EUA. "Também não me identifico apenas como gay."
Segundo ele, questões
desse tipo ofuscam debates
mais relevantes para o país.
"Há um histórico de republicanos que fodem o país e democratas que chegam depois
ao poder e tentam pôr tudo
no lugar", disse. "Mas as pessoas têm memória curta."
Um tanto desiludido, Stipe
diz que "não vale a pena se
deixar levar só pelas grandes
paixões" e que pode ser mais
eficaz fazer política com pequenas causas, como ajudar
um asilo de velhinhos, cuidar de pacientes terminais,
tentar evitar o racismo.
"Tem muita gente esperando que um cavaleiro mágico vá chegar num cavalo
branco e transformar a vida
numa maravilha", disse sobre a guinada conservadora
nas eleições atuais. "É como
se, de repente, fosse acabar
todo o racismo, o desemprego, os problemas sociais."
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