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Crítica
"O Homem Elefante" mistura realidades distintas
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Alguém certa vez disse que
"O Homem Elefante" (TCM,
22h; classificação indicativa
não informada) era "um filme
de terror". A afirmação é equivocada porque vinha da aparência do protagonista, John
Merrick, homem cujas deformações congênitas faziam dele
uma atração de circo.
Mas não era de todo errada:
David Lynch emulava a estética de um cinema ancestral, o
dos filmes de terror B.
E a chave do filme (e da obra
deste genial diretor) estava justamente nas assimilações: de
um cinema "de arte" e de outro
mais selvagem, do onírico e do
pesadelo, do realismo e da alucinação, da forma e da desfigura. Isso chega ao extremo agora, com "Império dos Sonhos",
que não mais diferencia modos
de estar no mundo, percepções
e realidades distintas.
"O Homem Elefante" é o início disso. Não à toa, esse filme de
1980 é ambientado na Londres
do final do século 19. É quando,
em meio a altas chaminés da revolução industrial, o mundo se
alucina entre a nova ciência e o
misticismo arcaico.
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