São Paulo, quinta-feira, 29 de setembro de 2011 |
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TEATRO Jô Bilac mira a insanidade em nova peça Delirante protagonista de "Serpente Verde, Sabor Maçã" tem o hábito de envenenar as visitas que recebe em casa Dramaturgo carioca escreveu o texto em apenas uma noite, ao lado da comediante Larissa Câmara GABRIELA MELLÃO DE SÃO PAULO "Serpente Verde, Sabor Maçã", espetáculo que estreia amanhã, nasceu de uma proposta quase indecente. O dramaturgo carioca Jô Bilac convidou a comediante de "stand-up" Larissa Câmara para escrever uma peça de teatro em apenas uma noite. "Foi uma longa jornada noite adentro. Terminamos o texto às 6h", conta Jô. Ele recebeu um convite da atriz Cristina Pereira para participar de um ciclo de leituras. Sem texto algum a oferecer, mentiu: "Falei que tinha uma peça e só precisava revisá-la. Mas, na verdade, não tinha nada", confessa. "Serpente Verde, Sabor Maçã" (2008) contém os ingredientes que consagraram o dramaturgo. É uma obra tragicômica, composta por personagens tão amorais quanto ordinários, cujos discursos distorcem verdades, defendendo interesses próprios a qualquer preço. "Busquei, mais uma vez, uma situação que gera crise, levando os personagens até as últimas consequências", explica Jô. O espetáculo dirigido por Lavínia Pannunzio apresenta a Senhora G (Lulu Pavarin), uma justiceira peculiar. Ela estuda o caráter das visitas que recebe em sua casa. Dependendo de seu julgamento, as envenena com chá de maçã verde. Segundo diz, age por amor à vida. "Para cada serpente existe uma maçã", acredita. Para Pannunzio, a Senhora G é a versão feminina de Deus. "Ela assume o papel de ceifar a humanidade, distinguindo o bem do mal". Apesar de seu poder quase divino, a Senhora G não passa de uma dona de casa que aplaca a solidão criando um mundo próprio em que rosas predominam e objetos falam. Os delírios constantes da protagonista dotam de brilho sua existência. Ela fantasia ser uma estrela de rádio ou televisão e chega a se apaixonar por um Gene Kelly imaginário -na realidade, é o detetive que irá desmascará-la. Em cena, está sempre sob os holofotes, falando com uma plateia ilusória. "Grifei o aspecto ficcional do texto. É como se tudo fosse um grande espetáculo", explica a diretora. Segundo Jô, a peça é um reflexo da realidade. "Estamos sempre julgando e sendo julgados, nos alternando entre vítima e algoz." Para ele, a obra resvala no teatro do absurdo, "revelando a degeneração de relações sem amor". É um retrato da insanidade da vida cotidiana pelo olhar da loucura. "A realidade é massacrante. Nem todos transformam a vida em algo interessante. Escapar é uma imensa vantagem", diz a diretora. SERPENTE VERDE, SABOR MAÇÃ QUANDO estreia amanhã; qui. e sex., às 21 horas; até 4/11 ONDE Espaço Parlapatões (Praça Franklin Roosevelt, 158 tel. 0/xx/11/3258-4449). QUANTO R$ 30 CLASSIFICAÇÃO 14 anos Texto Anterior: Sobreviventes do Legião Urbana tocam acompanhados de sinfônica Próximo Texto: Foco: Em busca de viabilidade, grupo adota conselheiros de prestígio Índice | Comunicar Erros |
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