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Agressividade marca som da dupla francesa
Clipe polêmico do Justice tem cenas de espancamento e abuso de mulheres
"A música é violenta. Por isso
precisávamos de um clipe
violento. Não entendo o
motivo de tanta indignação",
afirma Xavier de Rosnay
DA REPORTAGEM LOCAL
Além da cruz, uma das características que moldam a imagem pop do Justice é a agressividade de suas músicas -se fosse feita com guitarra e bateria,
seria chamada de heavy metal.
Essa agressividade foi explicitada com imagens de violência
extrema no clipe de "Stress".
O vídeo é feito de cenas em
que uma gangue de jovens sai
pelas ruas abusando de mulheres, quebrando carros, espancando gente de todo tipo. Dirigido por Romain-Gavras, filho
do cineasta Costa-Gavras, o clipe foi chamado de, entre outras
coisas, homofóbico, racista e,
por supostamente incitar a violência, de irresponsável.
Emissoras de TV da Europa
teriam boicotado o vídeo. Xavier de Rosnay, do Justice, comenta o episódio à Folha:
"Muitos pensam que o clipe
foi recusado por emissoras de
TV. Não foi nada disso. Nós não
mandamos para as TVs. O vídeo foi feito para a internet.
Você escolhe se quer clicar ou
não para vê-lo".
(Para quem quiser clicar, ele
está no www.myspace.com/
etjusticepourtous.)
"A música é violenta. Por isso
precisávamos de um clipe violento. Não entendo o motivo de
tanta indignação. Existe muita
violência em diversos lugares e
não há essa controvérsia."
O Justice já esteve no Brasil.
Em novembro de 2005, fizeram DJ set em São Paulo. Mas
poucos viram, pois aconteceu
no mesmo dia do extinto festival Claro que é Rock.
O show
Desta vez, a dupla vem para
apresentação ao vivo, com direito à enorme cruz, às paredes
de amplificadores Marshall
dispostas no palco e ao efervescente jogo de luzes.
Segundo Rosnay, a apresentação em São Paulo será "semelhante" à vista por este repórter
no festival Coachella, nos EUA,
em abril. O Justice fez o último
show do último dia do evento
que se esparramou por três
dias. A tenda estava lotada e,
durante todo o show, o público
pulava como se estivesse assistindo a uma banda punk.
"Usaremos o mesmo tipo de
equipamento, as mesmas luzes.
Talvez mudemos algumas músicas", diz Rosnay.
O que eles mudarão, segundo
o músico, é a própria estética da
banda. Rosnay diz que o show
no Skol Beats será o último desta turnê, e que depois a dupla ficará parada por algum tempo.
"Vamos parar após o show no
Brasil. São Paulo será nosso último show por um bom tempo.
Vamos tirar férias. Não sei o
que virá depois, que tipo de música faremos", adianta.
Sucesso com remix
Eles podem mudar algumas
músicas em relação ao show do
Coachella, mas uma das faixas
que certamente será ouvida no
Brasil é a versão feita para "Never Be Alone", do extinto grupo
inglês Simian.
De 2003, ela foi a primeira
produção de Rosnay e Gaspard
Auge como Justice. O primeiro
era estudante de design gráfico;
o segundo, fã de Metallica e integrante de uma banda de rock.
Fizeram o remix para participar de um concurso. Não ganharam, mas o trabalho caiu
nas mãos de alguns DJs e, até
dois anos atrás, o grudento refrão "Because we are your
friends/ You'll never be alone
again" ainda era uma das músicas mais tocadas nas pistas.
"Usamos apenas um sampler
e um seqüenciador. E pegamos
da faixa original apenas os vocais do refrão", conta Rosnay.
Simplicidade que é a razão de
ser do Justice. Rosnay diz que
escolheu a música eletrônica
porque "era algo acessível e não
muito difícil, na verdade".
A música do Justice normalmente é descrita como electro-rock, por culpa das batidas fortes, da estrutura pop (estrofe-refrão) e do visual roqueiro.
Questionado sobre o assunto, Rosnay diminui a influência
roqueira: "Somos mais influenciados pela disco music do que
pelo rock. Fico surpreso quando nos comparam com bandas
de rock. O que fazemos é disco
music moderna, distorcida".
O sucesso de faixas como
"D.A.N.C.E.", "Phantom", "Waters of Nazareth" e "DVNO" gerou um sem-número de cópias
pelo mundo. O francês diz não
se incomodar com os clones:
"Não vejo problema nenhum, contanto que seja boa e
tenha algo de original. Há muitos garotos fazendo música em
casa, e certamente sempre vão
dizer que suas músicas parecem com algo que já foi feito".
(THIAGO NEY)
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