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Crítica
Sinceridade prejudica filme sobre guerrilha
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Batismo de Sangue" (Canal Brasil, 22h; 14 anos) é um
filme extremamente honesto
sobre os tempos de guerrilha e
tortura política no Brasil.
Como se afere a honestidade,
no caso? Mais do que tudo, pelos defeitos. É preciso dizer,
primeiro, que o filme de Helvécio Ratton (talvez o seu melhor
trabalho) tem muitas virtudes,
como a atuação dos jovens padres dominicanos que, envolvidos na luta armada, presos e
torturados, terminaram por revelar o local onde estaria o líder
Carlos Marighella, o que resultou em sua morte.
Os problemas trazidos pela
sinceridade são igualmente
evidentes. Exemplo: não é preciso mostrar extensamente
uma cena de tortura para dizer
que alguém foi torturado. O diretor não quis "explorar" a tortura, lógico (ela nem é tão explorável comercialmente).
Ele pretendeu dar o seu testemunho. O fez com sinceridade bastante para se esquecer de
que, em certas circunstâncias,
menos é mais, e que quanto
mais discreto se é, nesses casos,
maior a força.
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