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Crítica musical

'Thriller Live' peca em roteiro e visual

Espetáculo sobre Michael Jackson é confuso e se perde na pobreza de seu cenário e figurino

MARCO AURÉLIO CANÔNICO DO RIO

Existem diversos caminhos para transformar a vida e a obra de Michael Jackson em um musical teatral. "Thriller Live Brasil Tour", que chega a São Paulo depois de temporada no Rio, tenta todos eles sem se decidir, e este é apenas um de seus problemas.

O espectador leva um tempo até entender o que pretende esta produção criada em Londres, que chegou ao Brasil misturando artistas nacionais e estrangeiros.

Será uma biografia de Michael? Uma tentativa de simular seus shows? Uma encenação de seus célebres videoclipes, com as mesmas coreografias e figurinos?

"Thriller Live" faz um pouco de cada coisa, e nada muito bem. Assim, acaba se parecendo com um desses reality shows para cantores, tipo "American Idol".

O roteiro, com mais de 30 canções, sugere uma ordem cronológica, começando pela fase dos Jackson 5 ("ABC") e indo até os anos 90 ("They Don't Care about Us"), mas nem isso é seguido à risca --os maiores sucessos, dos anos 1980, encerram as quase três horas de apresentação.

Cenas que copiam as coreografias, o visual e o estilo vocal de Michael são alternadas com narrações em "off", que listam suas principais conquistas, e com sequências em que as músicas do astro são interpretadas por cantores de estilos variados.

Mas não é apenas o erro na forma, graças ao roteiro confuso, que prejudica "Thriller Live": a pobreza dos cenários, figurinos e efeitos é lamentável, ainda mais no caso de um astro como MJ, que sempre se pautou pelo luxo e pela extravagância, mesmo que descambando na breguice.

No palco há apenas duas escadarias que levam a uma passarela e, abaixo dela, um telão central atrás do qual fica a banda que toca ao vivo. Os figurinos variam do aceitável (na fase Jackson 5) ao embaraçoso (no caso dos zumbis de "Thriller").

As coreografias e interpretações deslizam principalmente quando tentam criar opções próprias. Quando se restringem a copiar o que Michael tornou clássico, conseguem alguns bons momentos, como na cena com a ótima "Smooth Criminal".

Curiosamente, quem se sai melhor são os menos experientes em cena: os meninos que vivem MJ na fase inicial.

Na apresentação a que a Folha assistiu, o intérprete foi o carismático Felipe Adetokunbo, 12, dono de uma bela voz --três outros garotos da mesma faixa etária se revezam com ele nas sessões.

Para os fãs saudosos, a chance de ver ao vivo canções como "Billie Jean" e "Bad", com suas danças, pode ser suficiente para justificar o ingresso. Mas a incrível história do menino negro que virou um bizarro homem branco, criando uma obra que mudou a história do pop mundial, merece uma adaptação melhor para os palcos.


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