Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Uruguaio aceitou papel de vilão sem conhecer música da banda

César Troncoso encarna Pablo em "Faroeste" e atua em novela

IURI DE CASTRO TÔRRES DE SÃO PAULO

César Troncoso filmava "Hoje", de Tata Amaral, em São Paulo, quando recebeu, por telefone, um convite para outro projeto, em Brasília. Aceitou sem saber muito bem do que se tratava.

Ao contar para os colegas que era para viver o traficante Pablo da icônica música "Faroeste Caboclo", e ver a reação eufórica deles, sentiu o peso da responsabilidade.

O uruguaio de 50 anos admite que até aquele momento não havia escutado a música. "Comprei correndo o disco e fiquei maravilhado, é uma canção muito forte."

No filme de René Sampaio, que estreia hoje em 500 salas do país, Troncoso faz um Pablo --o peruano que vivia na Bolívia-- ainda perigoso, mas também com ar bonachão.

"É um personagem complexo, alguém que age da maneira que age porque quer melhorar de vida", afirma.

O forte sotaque uruguaio do ator pode ser visto em outro vilão, desta vez na telinha.

Na novela das 18h da Globo, "Flor do Caribe", Troncoso é Dom Rafael, um traficante de pedras preciosas que vive sob disfarce de fazendeiro.

Os dois bandidões, no entanto, diferem do personagem que tornou Troncoso conhecido no Brasil --um uruguaio que decide ganhar uma graninha com a visita do pontífice em "O Banheiro do Papa", prêmio de melhor ator no Festival de Gramado de 2007.

"Tento buscar personagens que sejam diferentes, que me tragam coisas novas", diz. "É uma busca quase orgânica, preciso de papéis que façam eu me jogar no trabalho."

O mais denso deles foi o militante político de "Hoje", que volta para casa após anos foragido da ditadura militar e tenta retomar a vida com a mulher, vivida por Denise Fraga.

O ator afirma que não foi tão difícil incorporar um personagem ligado à história do Brasil. "O Uruguai também passou por uma ditadura militar, e o filme não fala sobre o passado, é sobre o presente. Temos que aprender com o que aconteceu para que não se repita no futuro."

SOTAQUE

Morando longe da mulher e da filha, que ficaram no Uruguai, Troncoso tenta voltar sempre que pode para lá. "Minha filha está com 14 anos, idade muito ruim para uma mudança grande", explica.

Voltar para o país também ajuda a manter o sotaque, que, segundo ele, é seu diferencial no mercado brasileiro. "Alguns diretores até pedem para que eu fale mais ruim [sic] do que já falo", afirma, aos risos.

Troncoso começou na carreira aos 25 anos. Após um divórcio, decidiu entrar em uma escola de teatro.

Após 15 anos nos palcos e em pequenas participações no cinema, pediu 60 dias de férias do escritório de contabilidade onde trabalhava para rodar "O Banheiro do Papa" --nunca mais pisou lá.

Com contrato na Globo até setembro, Troncoso diz ainda não estar acostumado com a exposição que a novela traz.

"Sou parado na rua, às vezes, mas o mais estranho é imaginar que nove milhões de pessoas me veem todos os dias", afirma. "Isso é duas vezes e meia o tamanho do Uruguai!"


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página