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Atriz expõe lado perverso de professores
No monólogo "Prof! Profa!", Jandira Martini revive gênero popular dos anos 1980
Não havia sido previsto antes de a temporada começar, mas tornou-se parte de um ritual: sempre sobra um grupo de pessoas à espera da atriz Jandira Martini no saguão do Sesc Ipiranga, após as sessões do espetáculo "Prof! Profa!", em cartaz até o próximo dia 29. Em geral, são professores querendo desabafar.
Conhecida do grande público pelos seus papéis em novelas da Globo --"Caminho das Índias" (2009) e "Morde & Assopra" (2011) estão entre as últimas--, a atriz conclui hoje que a escolha do texto de Jean Pierre Dopagne, autor belga contemporâneo, determinou aproximação com o público específico.
"Em geral, são mulheres", diz. "Outro dia, uma espectadora me procurou para falar de uma aluna que pintava as unhas durante a aula."
CHICLETE NA MESA
Em cena, Martini interpreta uma professora de literatura que toma uma atitude bastante radical para extravasar a irritação que sente em relação a seus alunos.
Em tom de confissão, a personagem descreve uma galeria de adolescentes malditos e das situações impostas pelo confinamento em sala de aula: vai da menina que masca chiclete ao rapaz que investe em perguntas sobre a vida íntima da professora na intenção de constrangê-la.
É a primeira vez que Martini está em um monólogo, ela conta. Boa parte de sua carreira no teatro foi dedicada a produções mais robustas, para o grande público.
Também autora, ela atuou em várias peças que escreveu com Marcos Caruso. O repertório inclui sucessos como "Jogo de Cintura" (1988),"Porca Miséria" (1993) e "Os Reis do Improviso" (1996).
Com direção de Celso Nunes e pouquíssimos recursos cênicos à mão, a atriz investe agora em estilização com momentos bufos. Tem a ver com o jeitão de quem viveu o universo das comedias populares dos anos 1980 e 1990.