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Invasão inglesa

Criados por autores britânicos cultuados, ao menos 12 espetáculos que fazem rir e chorar ao mesmo tempo são encenados agora no país

GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não pode haver luz sem sombra. Dita por Alan Ayckbourn, autor que só perde em popularidade para Shakespeare, a frase oculta um segredo do teatro britânico.

Shakespeare foi pioneiro ao retratar o homem de seu tempo misturando humor e drama. Abriu caminho e influenciou seus conterrâneos, como se pode notar nos 12 espetáculos escritos por ingleses que estão em cartaz ou têm previsão de estreia no país nos próximos meses.

"Os ingleses mesclam comédia e tragédia com facilidade assustadora. Um segundo após uma cena hilariante, o público é pego no contrapé e se vê obrigado a segurar as lágrimas, o que também acontece na vida", diz Eduardo Muniz, ator e diretor especializado em teatro britânico.

Marcarão presença nos palcos do país textos dos veteranos Ayckbourn e Martin Crimp --este último foi o autor preferido da também inglesa Sarah Kane (1971-1999).

Mas também há textos de nomes mais jovens como Nick Gill e Mike Bartlett. A obra tão trágica quanto cômica deste último poderá ser vista em três espetáculos: "Bull", "Contrações", e "Cock". As estreias ocorrem hoje em São Paulo, amanhã em Belo Horizonte e em maio no Rio, respectivamente.

PRESSÃO E ACIDEZ

Como "Contrações", peça que já cumpriu temporada na cidade e começa a viajar o país, "Bull" tem tom tragicômico, não economiza em acidez e discute a pressão psicológica no âmbito corporativo.

Em ambas, a linguagem passa do hiper-realismo ao absurdo, com a construção gradativa de um ambiente de violência e opressão entre funcionários de uma corporação.

"Bartlett cria elementos que poderiam ser caraterizados como trágicos, mas salta para o absurdo, criando seu humor negro habitual", fala Yara de Novaes, premiada com o Shell de melhor atriz por "Contrações", ao lado de Débora Falabella.

Crimp também rompe as fronteiras entre comédia e drama em "Na República da Felicidade", crítica bem-humorada às famílias inglesas de classe média alta. "Fazemos uma comédia em que o público ri pouco, ele não acha graça no que se reconhece", diz o diretor, Laerte Mello.

O mesmo ocorre em "Preto no Branco", peça de Nick Gill que estreia em maio, no Festival da Cultura Inglesa.

"Esta comédia abusa dos procedimentos de ironia e sarcasmo característicos da escrita britânica desde Oscar Wilde para construir um retrato triste e apavorante da inabilidade em se lidar com o diferente, e da falência do modelo ocidental em tentar compreender o que não se alinha com padrões de comportamento", diz Zé Henrique de Paula, diretor da peça.

"Qualquer drama deve provocar sorrisos na plateia e toda comédia precisa ter seriedade no coração", sintetiza Ayckbourn, considerado um dos autores mais encenados e produtivos do mundo.

Ele estará em cartaz em São Paulo em agosto, com "Tudo no Seu Tempo", que mescla comédia, drama e terror. Será a quinta montagem com textos do cultuado dramaturgo concebida por Eduardo Muniz, também ator e diretor de "Bull", além de tradutor de "Cock".

"Tudo no Seu Tempo" é um dos maiores sucessos de Ayckbourn. Foi indicado ao prêmio britânico Olivier de melhor comédia em 1996 e em 1997 venceu o Molière, na França, como melhor peça.

A trama, escrita em 1994, se passa em 2034 e é sobre uma garota de programa que volta ao passado para salvar-se de um psicopata.


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