Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Crítica Serial

LUCIANA COELHO - coelho.l@uol.com.br

'Orphan Black' traz melhor surpresa recente

Protagonista desconhecida impressiona em ficção científica com trama rocambolesca sobre clones

A SINOPSE do drama sci-fi "Orphan Black" poderia ser obra da novelista Glória Perez: trambiqueira vê uma mulher completamente igual a ela se suicidar em uma estação de trem e resolve assumir sua identidade, envolvendo-se em uma conspiração que envolve clones, fanáticos religiosos e experimentos secretos.

Felizmente, a série do canal BBC HD, cuja segunda temporada acaba no dia 18, é bem mais que isso.

A responsável por tirar "Orphan Black" da vala comum é a canadense Tatiana Maslany, 28. Ela interpreta, de maneira crível, oito clones de diferentes sotaques e histórias familiares que tentam descobrir quem está por trás do projeto que as colocou no mundo.

Em um enredo que aposta pesado no determinismo do ambiente, ou como o meio onde se vive pode prevalecer sobre a genética, seria um risco tremendo amparar-se só em perucas e figurinos distintos para contar essa história.

Mas ao menos cinco dos clones são tão bem desenvolvidos e com nuances tão trabalhadas que é possível, mesmo quando Maslany "contracena" consigo mesma, esquecer-se de que se trata de uma só atriz.

A personagem central é Sarah Manning, órfã britânica de sangue quente e boca suja levada para o Canadá com o irmão adotivo, interpretado pelo afiado Jordan Gavaris. Ainda na infância, eles fogem de uma conspiração que desconhecem.

É Sarah quem, no início da série, vê a policial Beth se matar e resolve pegar seus documentos e viver sua vida. Sarah conhece, depois, outras mulheres iguais a elas: a dona de casa Alison (vida coxinha e gênio difícil) e Cosima (doutoranda em genética e a docilidade em pessoa).

Mais para frente, as três descobrirão sua clone ucraniana Helena, criada em uma jaula, incumbida por um fanático de matar as "irmãs" e perseguida por uma seita.

É Sarah, também, a única mulher fértil do grupo. Proteger sua filha ora de cientistas ora de religiosos rende ao drama boas cenas de ação.

E se a trambiqueira punk é a personagem central, Alison é a melhor criação da atriz. A dona de casa cheia de raiva reprimida começa caricata e aos poucos rouba a cena com um timing cômico bem calculado que a torna melancólica.

Para garantir que tantas identidades não se misturem, nem quando uma clone se passa por outra, a atriz conta com dublês e uma equipe de continuístas encarregada apenas de observar as características de cada personagem.

A atuação da canadense, indicada ao Globo de Ouro neste ano, já seria motivo suficiente para assistir à série. Além dela, porém, e apesar da trama rocambolesca, "Orphan Black" é boa diversão.

O ritmo elétrico e os ganchos eficazes superam os buracos no roteiro e as reviravoltas forçadas para garantir a dose de romance.

Uma terceira temporada, ainda não confirmada, seria bem-vinda.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página