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Televisão
Onda de 'talk shows' chega à internet
Rede exibe as primeiras temporadas de dois programas de entrevistas com tom humorístico e produção barata
Videomaker Rafucko investe em convidados de esquerda e Maurício Meirelles faz perguntas em ponto de ônibus
As produções são de baixíssimo orçamento, mas alguns elementos clássicos de um legítimo "talk show" estão lá, como o apresentador que conta piadas e a bebidinha na caneca (ou num copo americano). Já no lugar da banda pode aparecer um tecladinho sem-vergonha.
Os programas "Tosco Show" e "Talk Show do Rafucko", improvisados, inauguram suas primeiras temporadas na web seguindo os passos de seus congêneres da TV aberta "Programa do Jô" (Globo), "The Noite" (SBT) e "Agora é Tarde" (Band).
Só que o esquema de produção é bem diferente. O comediante Maurício Meirelles, 30, que comanda o "Tosco Show", diz que "o custo do programa é zero' e o ganho também".
Já o ativista e videomaker Rafael Puetter, 28, o Rafucko, fez uma campanha na internet para arrecadar R$ 50 mil, renovar seus equipamentos e produzir dez episódios.
Os dois programas são exibidos em canais no YouTube, com novos episódios disponibilizados semanalmente.
POLÍTICA
A proposta de Rafucko ao desenvolver seu programa era fazer "o primeiro talk show' de esquerda do país".
"Já tinha parodiado telejornal e novela, e vi que o talk show' poderia ser uma opção, aproveitando que esses programas estão mais à direita na TV convencional", diz.
Para isso, ele afirma ter pensado num elenco de entrevistados inspiradores.
Entre eles estão o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), para quem já fez campanha e com quem ensaia um flerte na entrevista, e o comediante e colunista da Folha Gregorio Duvivier, que foi interrogado em um confessionário, com o apresentador vestido de padre.
É comum também que Rafucko use seus convidados em esquetes malucões.
Com boina vermelha e uniforme verde à la Hugo Chávez, Freixo "treinou" uma patricinha sem noção --interpretada pelo videomaker-- em "Um Dia de Esquerda".
Com uma pegada bem menos política, Mauricio Meirelles faz seu "Tosco Show" em pontos de ônibus de São Paulo. Fã do apresentador norte-americano Jimmy Fallon e sem esperança de ter um programa de entrevistas na TV, o humorista, que também é repórter do "CQC", da Band, se jogou na internet.
TOSQUEIRA
O cenário é feito com cartolinas, uma banqueta e seu tecladinho, em que ele arrisca clássicos da música pop. Já gravou oito programas.
"Não tem roteiro. Espero alguém sentar e, se a pessoa parecer interessante, começo", conta. E por que o ponto de ônibus? "É o lugar em que as pessoas estão mais entediadas e prontas para conversar."
As perguntas de Meirelles vão desde "O que é Deus para você?" a "Como você gostaria de morrer?".
Terminada a sessão, entra o quadro "Para quem você tira o papel", em que o humorista oferece um saco cheio de papeis dobrados com nomes históricos.
A ideia é fazer com que os entrevistados deem sua opinião sobre eles, mas nem sempre dá certo.
"Hitler? Americano, né?", ouviu de um entrevistado.