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Crítica - Drama
Diretor faz da floresta símbolo do terror para dupla que tenta retomar sua vida
COLABORAÇÃO PARA A FOLHADenis Côté é um dos cineastas mais intrigantes em atividade. Aos 40 anos, realizou uma dezena de filmes que se alternam entre documentários de caráter mais "experimental" ("Carcasses", "Bestiaire") e filmes de ficção mais convencionais, mas também carregados de estranheza.
"Vic+Flo", seu primeiro trabalho a ganhar distribuição comercial no Brasil, faz parte do segundo grupo. O título remete a uma fábula, mas o filme é uma curiosa mistura de gêneros que pode se resumir a um cuidadoso estudo de personagens --no caso, duas mulheres que tentam se readaptar ao mundo depois de anos na prisão.
Quando a história começa, Victoria (Pierrette Robitaille) está reconstruindo sua vida. Não sabemos que crime cometeu, mas entendemos que foi algo grave. Vic se instala numa pequena casa perto de uma floresta. A ela se junta Florence (Romane Bohringer), com quem iniciou um relacionamento na prisão.
Se em "Bestiaire" o diretor filmou um zoológico deixando a impressão de que os visitantes humanos também estavam em cativeiro, aqui ele retoma a questão da liberdade. Juntas, Vic e Flo tentam reconstruir, longe da cadeia, uma vida protegida. Mas o horror se aproxima (a floresta é seu maior símbolo).
Côté pode não ter uma obra genial, mas definitivamente é alguém com um olhar sobre o mundo, que entende o cinema como um gesto de observação capaz de gerar estranhamento e alguma poesia. Não é pouco.