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Crítica - Terror
'O Espelho' apavora com enredo quebra-cabeça
Trama coloca casal de irmãos fazendo uma sessão de 'exorcismo tecnológico' para vingar o assassinato dos pais
Pelos atores nada famosos e, principalmente, pelo mote --um objeto antigo carrega entidade maligna que é capaz de matar--, "O Espelho" parece um desses filmes baratos de terror que todos viram muitas vezes. Mas só parece.
A partir de uns 20 minutos de projeção, o roteiro começa a dar sinais de inventividade, e até o final, surpreendente, a plateia tem uma trama intrincada para solucionar.
Tim completa 21 anos e é liberado da instituição psiquiátrica que foi seu lar desde garoto, quando ele supostamente matou os pais. Quem o acolhe é sua irmã, Kaylie, dois anos mais velha.
A ideia de levar uma vida tranquila e saudável dura menos de um dia para o rapaz, porque a irmã colocou novamente as mãos no grande e antigo espelho da família.
Kaylie acredita que nele está o espírito responsável pelo assassinato dos pais.
Ela monta uma sessão de "exorcismo científico", com câmeras de vídeo, monitores de temperatura e outras geringonças tecnológicas.
As manifestações paranormais não demoram a aparecer. É quando "O Espelho" mostra sua vocação para o gênero: são muitos sustos. Filme de terror precisa, antes de tudo, apavorar. E este cumpre a missão.
A história é narrada em dois tempos. O espectador acompanha a batalha de Kaylie com a entidade no presente, intercalada com as ações de sete anos antes.
São duas expectativas: saber se a jovem vencerá o "Mal" e descobrir o que realmente aconteceu com seus pais.
A grande sacada: os dois pares de irmãos passam a se encontrar, pela casa, em suas versões adulta e infantil, mesclando presente e passado.
O filme ganha uma cara de quebra-cabeças, sem diminuir o ritmo dos sustos.
Autor também do suspense "Abentia" (2011), inédito no Brasil, o jovem diretor e roteirista Mike Flanagan larga muito bem na carreira.