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Crítica Drama Longa se apresenta como um simulacro do clássico marginal CRÍTICO DA FOLHA"Luz nas Trevas" não é um longa de Rogério Sganzerla. Trata-se de um roteiro inacabado, pilhas de anotações recolhidas por Helena Ignez para chegar ao roteiro de um filme do qual ela, legitimamente, se afirma como autora. No entanto, o novo "Luz" é um evidente sucessor de "O Bandido da Luz Vermelha" (1968). O que mudou? Para começar, o tempo passou. E, para Luz, o tempo passou na cadeia, no vazio. Em seu lugar, apareceu o filho, Tudo ou Nada. Mas essas são, claro, mudanças de superfície. O mundo se transformou. Mas a antiga pergunta de Luz continua de pé: quem sou eu? Definido como mal da nação, ele preferia a reflexão obsessiva. Bem outra é a trajetória de Tudo ou Nada: ele é ungido pela necessidade de seguir os passos do pai. Mas só é capaz de captar a superfície disso: o lenço no rosto, o carrão, a loira gostosa, a pose. Os comparsas também contentam-se em habitar um universo que se repete: o político corrupto, o delegado brutal, a miséria etc. Basicamente, o mundo de "Luz nas Trevas" se apresenta como simulacro daquele do "Bandido". Tudo funciona parecido, mas tudo carece de sentido, gira em falso. Constatação que o próprio Luz fará, afinal, ao se relançar ao mundo: o que lhe resta a fazer é muito pouco. A ordenação está feita. A luz e as trevas estão em definitivo separadas, dispostas para que a vida siga sem abalos. Não se espere a eufórica anarquia do "Bandido". Mal ou bem, aquele era um mundo real. Agora, é de simulacro que se trata: jogando no "tudo ou nada" é mais perto do nada que estamos. (IA) Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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