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Crítica Drama Ao tentar escapar da linearidade, filme cai na prisão de reiterar os significados CÁSSIO STARLING CARLOSCRÍTICO DA FOLHA Em sua terceira escala internacional depois do impacto mundial de "Cidade de Deus", Fernando Meirelles busca conexões que deem conta dos aspectos múltiplos e ao mesmo tempo comuns da experiência humana. O título "360" anuncia a ambição pela amplitude, além da ideia de giro, de movimento que abarca tudo. Narrar uma história de várias perspectivas já era o princípio da eficiência de "Cidade de Deus", recurso do qual Meirelles em seguida extraiu resultados ainda melhores no episódio "Uólace e João Victor", da série de TV "Cidade dos Homens". Em "360", o diretor parece ter se entusiasmado com a estrutura do roteiro do britânico Peter Morgan, que adapta livremente a peça "A Ronda", do austríaco Arthur Schnitzler (1862-1931). Como em "Crash - No Limite" (2004) e "Babel" (2006), aqui uma série de conexões aleatórias conduz de um personagem a outro, compondo uma cadeia de situações que reflete a fragilidade dos laços humanos, ao mesmo tempo que demonstra a necessidade das relações. Essa estrutura em hiperlinks com que se pretende libertar a história da linearidade acaba impondo outro tipo de prisão ao forçar nexos que visam reiterar significados. O roteiro, neste caso, funciona como armadura e as situações entram apenas como ilustrações de uma ideia, mas são insuficientes para incorporar ou expressar algo vital. O estilo visual de Meirelles explora a fragmentação espacial para sugerir a desordem emocional e mental. No entanto, sua opção por uma imagem limpa, com tudo definido e no lugar, provoca um efeito asséptico que contamina o conjunto do filme. O resultado é como um ambiente sofisticado e ultraorganizado no qual a gente entra, olha e não se interessa por nada. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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